Bancos
Banco Original espera voltar à lucratividade em 2021 oferecendo mais crédito para pessoas físicas
A intenção é ampliar a variedade de linhas em 2021, entrando com mais força no crédito consignado e empréstimo com garantia para voltar à lucratividade.
O Banco Original vem aumentando a oferta de crédito a pessoas físicas, a fim de chegar à lucratividade em 2021, à medida em que elevados investimentos em seu braço digital ganham força, segundo o presidente-executivo da instituição financeira, Alexandre Abreu.
Em agosto, a carteira de crédito para consumo do banco chegou em agosto a 1 bilhão de reais, registrando alta de 73% no período de 12 meses, com impulso das linhas de CDC e cartão de crédito. Isso compensou em parte a retração nos empréstimos para grandes empresas, o que fez o estoque total encolher de 7,2 bilhões para 7 bilhões em 2020.
O aumento mais recente dos financiamentos para o varejo na instituição aconteceu no contexto das medidas de isolamento social tomadas para conter a pandemia da Covid-19, quando houve uma guinada na demanda por serviços de bancos digitais e fintechs.
O PicPay, carteira digital do Banco Original, mais do que dobrou sua base de clientes em 2020 até agosto, chegando a 31 milhões de pessoas. Boa parte dos novos clientes adquiriram o serviço devido ao fato dele ter sido usado para ajudar a distribuir ajuda emergencial do governo federal durante a pandemia.
Segundo Abreu, em entrevista à Reuters, a instituição está começando a oferecer crédito para clientes do PicPay.
Com essa escalada recente do crédito, o Original conseguiu aumentar em 40% a margem financeira do primeiro semestre, ante o mesmo período de 2019, para 345 milhões de reais. A estimativa do banco é de que esse montante chegue a 398 milhões no segundo semestre.
A intenção do banco é ampliar a variedade de linhas em 2021, entrando com mais força no crédito consignado e empréstimo com garantia, como parte do plano de voltar à lucratividade.
“O Original deve se tornar autossuficiente em 2021”, disse Abreu, que foi presidente do Banco do Brasil e assumiu o comando do Banco Original há cerca de dois anos, visando ajudar a deslanchar o negócio de varejo digital do banco controlado pela J&F, holding dona da JBS, junto com veteranos ex-BB.
Ao contrário de parte dos chamados bancos digitais, que nos últimos anos se multiplicaram no Brasil apoiados em isenção de taxas como atrativo para obter clientes, o Original rejeita a política de gratuidade de tarifas.
Desta forma, o banco vem crescendo em velocidade menor do que alguns de seus concorrentes. No mês de agosto, o Original atingiu 3,74 milhões de contas pessoa física e microempreendedores, o que indica alta de 71% em 12 meses.
De acordo com o diretor de tecnologia e produtos do Original, o banco não irá crescer “a qualquer custo”, frisando que iniciativas do grupo em tecnologia devem florescer dentro de uma agenda regulatória favorável, incluindo PIX e open banking. Até o momento, o banco contratou 360 novos colaboradores só neste ano só para a área de tecnologia.
Ainda que tenha observado evolução de resultados operacionais refletindo iniciativas para rentabilizar a base de clientes no primeiro semestre, uma série de fatores como perdas com hedge cambial, depreciação de ativos e investimentos em tecnologia, levaram o banco a um prejuízo de 220 milhões de reais, ante lucro de 3,6 milhões no ano anterior.
Além disso, a provisão para perdas esperadas com calotes subiu 23,5% desde o final de 2019, para 334,7 milhões de reais, acompanhando o aumento do crédito e a expectativa de piora no índice de inadimplência, na esteira da crise provocada pela pandemia, “mas com receita maior para compensar”, de acordo com Abreu.
No mês de junho, o Original fechou com Índice de Basileia de 10%.
Segundo Abreu, no momento não há planos do banco para uma eventual abertura de capital.
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