Economia
Boletim Focus, agenda travada no Congresso e Petrobras pautam Ibovespa de segunda
Projeções da economia, impasse na PEC dos Precatórios e interferência federal nos combustíveis afetam cotações
Passado o outubro negro – que lhe impôs perdas de 2%, para um acumulado negativo de 13% no ano – o Ibovespa dessa segunda-feira (1º.11) já inicia a semana com a tendência de volume mais reduzido dos negócios, por ser véspera de Finados, enquanto o Boletim Focus, do Banco Central (BC) divulga projeções do mercado sobre o comportamento da inflação, juros e PIB, com tendência de avanço dos primeiros e recuo do terceiro, nessa reta final de 2021.
Greve já! – Além do tradicional ‘travamento’ da agenda econômica no Congresso – vide PEC dos Precatórios e reforma do Imposto de Renda (IR) – o investidor agora se preocupa com os desdobramentos da greve dos caminhoneiros, iniciativa que visa forçar o governo, antes aliado, a atender às suas reivindicações.
E a Petrobras? – Paralisações com baixa adesão, até agora, à parte, o investidor confere se vão prosseguir os ‘estragos’ nos papéis da Petrobras (PETR3; PETR4), por conta das declarações presidenciais, no sentido de alterar a lei de funcionamento da petroleira, a fim de reduzir o valor final dos combustíveis, tudo para agradar a plateia eleitora.
Produção industrial – Em que pese as bravatas palacianas – furos no teto fiscal e brechas orçamentárias ‘fake’ para emplacar programa social eleitoreiro e alterações jurídicas que legalizem a interferência artificial no preço dos combustíveis, tudo à custa do pleito de 2022 – a agenda do dia tem a divulgação da produção industrial (PMI Markit) de outubro e números da balança comercial de setembro, pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Sinais do Fed – Nos Estados Unidos, que também divulgam dados de sua produção industrial, a agenda local inclui os gastos com construção civil, em setembro; total de veículos vendidos no mês passado, além de divulgação de pesquisa, junto a bancos de empréstimos, do Federal Reserve (Fed), que também deverá dar ‘sinais’ mais evidentes quanto o ritmo de redução do programa de compras mensais de títulos (US$ 120 bilhões), até se encerramento, em meados de 2022.
Pequim ataca novamente – Na Ásia – onde as bolsas apresentaram desempenhos variados entre si – o Banco do Japão (o BC nipônico) divulga informações sobre a sua política monetária. Na bolsa de Hong Kong, houve recuo dos papéis de empresas de tecnologia Tencent (-2,37%); Alibaba (-2,15%) e da Meituan (-0,82%), como reflexo à divulgação, por reguladores de mercado da China, de uma lista com ‘propostas de responsabilidades’ para as plataformas de internet do país, compreendendo áreas de governança – que incluiria formas de exercício do poder e implementação da ordem não diretamente ligada ao Estado – e segurança de dados.
Europa positiva – Na Europa, embalado pela performance positiva de todos os setores econômicos do velho continente, o índice Stoxx 600 – composto pelas ações de 600 empresas dos principais setores de 17 países europeus – registrava alta de 0,6% na manhã de hoje (1º). Desde domingo (31), ocorre em Glasgow, capital escocesa, a reunião COP26 das Nações Unidas, que deve discutir ações globais para redução das emissões de carbono, que remete à governança social, ambiental e corporativa (ESG na sigla em inglês), questão priorizada de forma crescente pelo mundo corporativo e dos investimentos.
Aço recua – Na área dos commodities, os futuros do minério de ferro em Singapura voltaram a registrar queda, pela quarta sessão consecutiva, sob influência de sinais de recuo na produção de aço na China, assim como retração na produção industrial, de modo geral. Esse quadro regressivo decorre da política de Pequim, no sentido de restringir a produção de aço, em meio à crise de energia no gigante asiático.
Petróleo baixa – De igual modo, a iniciativa chinesa – de liberar reservas de gasolina e diesel, com o objetivo de ampliar a oferta desses derivados naquele país – contribui para a baixa do preço internacional do petróleo, além de levar os investidores a se desfazerem de posições compradas, antes da reunião da OPEP+, que ocorre quinta-feira próxima (4).
Bitcoin nas alturas – No azul mesmo está o Bitcoin, que encerrou outubro na marca histórica de US$ 61 mil, após o impulso decisivo da aprovação, pela bolsa de Nova Iorque (Nyse), do primeiro ETF de Bitcoin nos Estados Unidos, que rapidamente alcançou o patamar de US$ 1 bilhão em ativos sob gesão, em apenas dois dias.
Fundos institucionais – Analistas mais céticos, entendem que essa demanda aquecida pelo ETF decorre mais do movimento de fundos institucionais – não negociados em bolsa, como o Bitcoin Trust, da Grayscale – em busca de alternativas ao ouro, a título de proteção contra a inflação.
PEC ‘salvadora’ – Voltando à cantilena fiscal tupiniquim, vale ressaltar a declaração do fiel escudeiro do ministro offshore isento Guedes, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, de que o Executivo não dispõe de outra alternativa para garantir o financiamento de seu programa social-eleitoral, o Auxílio Brasil, a não ser a aprovação da PEC dos Precatórios.
Sem calamidade – O auxílio federal prioriza os milhões de vulnerabilizados pela inflação fomentada oficialmente, mantidos vivos para votar em sua reeleição no ano que vem. A ‘transparência’ palaciana prossegue, quando Colnago descarta a edição de um decreto de estado de calamidade – usado na pandemia, que abriria espaço para despesas extraordinárias, fora do teto de gastos – talvez pelo óbvio constrangimento que sua rejeição provocaria no Planalto.
Caminhoneiro de fora – Alvo de grande resistência no Parlamento, para ser aprovada, a PEC teria de passar por dois turnos de votação, na Câmara e no Senado. Ainda assim, analistas apontam que do espaço orçamentário de R$ 91,6 bilhões – dos quais R$ 50 bilhões para o Auxílio Brasil e R$ 24 bilhões com a atualização de gastos previdenciários – restariam, disponíveis, apenas R$ 10 bilhões. Neste restante, porém, segundo Colnago, não estariam sendo considerados eventuais gastos com auxílio a caminhoneiros, vale-gás ou, ainda, emendas de relator.
Principais indicadores
Estados Unidos (futuros)
Dow Jones Futuro (EUA), +0,46%
S&P 500 Futuro (EUA), +0,44%
Nasdaq Futuro (EUA), +0,37%
Ásia
Nikkei (Japão), +2,61% (fechado)
Shanghai SE (China), -0,08% (fechado)
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,88% (fechado)
Kospi (Coreia do Sul), +0,28% (fechado)
Europa
FTSE 100 (Reino Unido), +0,57%
Dax (Alemanha), +0,92%
CAC 40 (França), +1,07%
FTSE MIB (Itália), +1,05%
Commodities
Petróleo Brent, +1,06%, a US$ 84,61 o barril
Bitcoin, +2,1% a US$ 62.098,44
Minério de ferro teve queda de 5,72% na bolsa de Dalian, recuando 618,5 iuanes, o equivalente a US$ 96,67.
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