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Brasil deve continuar, por muito tempo, a ‘Belíndia’ do planeta
Apenas 1% da população ganha mais de 32 vezes que a metade dos mais pobres
Se depender do “andar da carruagem” econômica, a desigualdade atroz que acomete o Brasil, praticamente desde o seu ‘descobrimento’ (comercial?), vai continuar e por muito tempo, valendo-lhe o título, nada honroso, de Belíndia, país fictício resultante da junção da diminuta, mas riquíssima Bélgica, com a gigantesca e miserável Índia.
Belíndia é um termo, de cunho metafórico, empregado no início dos anos 70 pelo economista e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Edmar Bacha, para retratar a desigualdade socioeconômica nacional, em que a maioria da população brasileira arca com uma carga tributária, talvez maior do que a europeia (por volta de 33% do PIB, em torno de R$ 3,35 trilhões, em que se trabalha quatro dos 12 meses do ano, só para pagar impostos), mas não tem o direito à proporcional distribuição de renda, como justo retorno ante à colossal arrecadação apropriada pela União.
É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Todos os rendimentos 2022, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que 1% da população tupiniquim (pouco mais de 2 milhões de afortunados) ganha 32,5 vezes do que a metade de seus habitantes mais pobres (um contingente superior a 100 milhões de contribuintes).
Tal iniquidade existencial pouco ou nada se alterou, levando em conta que a proporção entre ricos e pobres se reduziu, ante 2021, quando chegou a 38,4 vezes.
Em números concretos, enquanto tupiniquins mais aquinhoados possuem um rendimento domiciliar per capita mensal de R$ 17.447, aqueles mais desfavorecidos ganham abaixo de R$ 537 ou menos da metade do salário mínimo atual, de R$ 1.302, o que dá a mencionada diferença de 32,5 vezes.
Segundo a analista do IBGE e responsável pela pesquisa, Alessandra Brito, “a gente chega em 2022 à menor diferença entre a renda dos mais ricos e da metade mais pobre da população, mas ainda é um valor alto. Uma parcela de apenas 1% da população tem rendimento de mais de 30 vezes a metade mais pobre”.
Se considerado o índice de Gini (criado pelo matemático italiano Conrado Gini, para medir o grau de concentração de renda de determinado grupo, o que permite aferir a diferença de rendimentos entre os mais pobres e os mais ricos), cuja escala de zero a um (quanto mais próximo de um, maior é a desigualdade), este indicador no Brasil caiu de 0,544 em 2021 para 0,518 em 2022.

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