Economia
China e a América Latina: uma relação pautada na ambiguidade
A relação entre China e América Latina, de modo geral, possui algumas nuances que desencadeiam determinadas problemáticas. Entenda o contexto!
A China, em certa medida, mantém uma relação pautada na ambiguidade no que refere-se à América Latina. De acordo com o relatório da Universidade Internacional da Flórida, a relação entre China e o continente latino é, por um lado, estável e benéfica e, por outro, transfigura-se em uma relação com graves fatores de desmatamento e conflitos sociais. Para a autora Mónica Núñez Salas, essa relação ambígua traz consigo “verdades aparentemente opostas”.
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A priori, os países latino-americanos beneficiam-se de forma primorosa com sua parceria com o continente asiático no que refere-se ao acesso a recursos financeiros e “preencher suas lacunas de infraestrutura de transporte e energia, garantir uma demanda constante para seus produtos”. Contudo, a autora destaca que a China é um “elemento determinante na paisagem da América Latina, e sua deterioração substancial pode ser atribuída, direta ou indiretamente, às mercadorias que consome”, afetando diretamente nos alimentos, no desmatamento e até em fatores hídricos.
De fato, uma preocupação exposta por Mónica Núñez Salas é o fato dos países latinos não adotarem práticas que atrelem essa relação a uma esfera mais sustentável, ainda mais levando em consideração que o mundo aproxima-se a beira do colapso ambiental no que tange a reorganização natural do sistema terra na reposição das matérias primas até então “renováveis”.
Fornecimento de matéria prima
Não é de hoje que a América Latina é submetida ao status de “fornecedora de matéria prima para o mundo globalizado”. Num primeiro momento, foram os espanhóis e os portugueses, conforme enfatiza Eduardo Galeano, por outro, foram os chineses interferindo direta e indiretamente na paisagem e nos recursos.
Entre os produtos oriundos da América Latina dos quais a China faz/necessita o/do uso, estão o lítio e a soja. O lítio é fundamental para a economia chinesa devido à fabricação de baterias, celulares, veículos elétricos etc. Já a soja é essencial para a China, visto que o país importa cerca de 80% da soja consumida em nível global, sendo 60% desta fornecida pela América Latina. Nesse emaranhado de ambiguidades, está atrelado ao desmatamento.
Como a carne bovina é altamente consumida pela China e importada do Brasil, visto que o manejo do animal, quase sempre, está atrelado a práticas de grilagem, a autora destaca que é “provável que a demanda estrangeira esteja se abastecendo de carne bovina criada em áreas de baixo impacto ambiental e deslocando o mercado local para zonas de alto impacto”. Todavia, a China não leva em consideração as mudanças climáticas no que concerne suas práticas comerciais. Porém, o relatório aponta que o país contribui fortemente para o mundo globalizado na geração de energias limpas.
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