Política
Como os algoritmos moldam nosso consumo de informações hoje
A evolução dos algoritmos de redes sociais em 15 anos transformou nossa interação online, trazendo desafios para governos e usuários ao redor do mundo.
Há 15 anos, os algoritmos das redes sociais, introduzidos pelo Facebook em 2009 com um feed de notícias personalizado, mudaram nossa interação online.
Como esperado, essa mudança trouxe desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao controle de informações e à liberdade de expressão. Até hoje, governos ao redor do mundo enfrentam dificuldades para conter os efeitos amplificados por algoritmos, como conteúdos nocivos e desinformação.
Este ano, medidas foram adotadas em diversos países para tentar controlar essas problemáticas, destacando o poder das redes sociais na sociedade atual. No Brasil, por exemplo, a plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, foi proibida temporariamente de funcionar até que cumpra as exigências legais.
A União Europeia e o Reino Unido também implementaram regras rigorosas para regular o conteúdo online. Nos EUA, há propostas de leis que miram plataformas como o TikTok.
O papel dos algoritmos no discurso público
A visão de que as redes sociais são um “mercado de ideias” é problemática, dado o papel dos algoritmos em moldar nosso consumo de informações.
Elon Musk, ao assumir o Twitter em 2022, comparou a plataforma a uma “praça digital”. No entanto, essa comparação ignora as diferenças fundamentais entre o espaço público físico e o online.
Segundo Asha Rangappa, da Universidade de Yale, os algoritmos distorcem o “valor” das ideias, não refletindo necessariamente sua qualidade. Eles amplificam ou suprimem conteúdo de acordo com critérios que não são transparentes, interferindo na livre troca de ideias.
Além disso, essas “mentes virtuais” influenciam quem vê o quê nas redes sociais, afetando a liberdade de expressão. O professor Arvind Narayanan, de Princeton, destaca que essas tecnologias definem o público das postagens, limitando a relação direta entre quem fala e quem ouve.
Estudos indicam que, ao priorizar conteúdos polêmicos, por exemplo, os algoritmos podem exacerbar a polarização política, criando um ambiente online que não reflete fielmente o sentimento público. Críticos argumentam ainda que as redes sociais oferecem uma imagem distorcida e sensacionalista do discurso social.
Imagem: reprodução
Propostas para uma regulação mais eficaz
Professores Riemer e Peter, da University of Sydney Business School, defendem a necessidade de atualizar as legislações para refletir o impacto das plataformas digitais no discurso público. Jack Balkin, também da Universidade de Yale, destaca que a Constituição americana precisa se adaptar aos desafios contemporâneos.
Uma alternativa proposta por Francis Fukuyama, renomado cientista político norte-americano, é o uso de um middleware, permitindo aos usuários maior controle sobre o conteúdo que consomem. Isso criaria um ecossistema competitivo de curadoria de conteúdo, devolvendo aos indivíduos a liberdade de escolha originalmente prometida pela internet.
Possíveis caminhos futuros
Enquanto algumas plataformas buscam soluções para tornar os algoritmos mais transparentes, como o Bluesky, oferecendo controle ao usuário sobre o conteúdo exibido, ainda há desafios.
Entretanto, há um movimento crescente em prol de interações mais privadas, longe dos algoritmos que regem as grandes plataformas. Dados da Gartner mostram que a tendência é de maior conforto em grupos fechados, com menos exposição pública.
Em um mundo onde os algoritmos moldam nosso consumo de informações, o debate sobre liberdade de expressão e regulação digital continua. Resta saber como equilibrar esse poder tecnológico com a necessidade humana de comunicação livre e aberta.
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