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Economia

Consumo de gás fica estável em agosto, mas demanda por térmicas deve crescer

Acionamento de usinas termelétricas deve continuar até o início do chamado “período úmido” na região dos reservatórios.

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Dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) nesta quarta-feira mostram que o consumo de gás natural no Brasil foi estável em agosto frente a julho, mas ainda bem abaixo do registrado em igual mês do ano passado, após consequências da pandemia de Covid-19 no setor.

Mas nos próximos meses, a expectativa é de uma maior demanda por parte de termelétricas, já que essas usinas têm sido mais acionadas para ajudar o atendimento à procura por energia em meio a chuvas fracas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração do país.

“Ainda não temos os dados fechados de setembro, então não dá para dizer se o despacho térmico foi superior ao de 2019, mas realmente a perspectiva é de que seja superior, bem superior ao mês de agosto”, disse Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da associação de distribuidoras.

Além disso, essa demanda adicional não vai se concentrar em setembro, tendo em vista que no mês passado o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, integrado por técnicos da área de energia do governo, deu o aval para o acionamento mais térmicas para preservar o nível dos reservatórios hídricos, o que segue ocorrendo.

Em agosto, o consumo total de gás do Brasil  foi de 51,8 milhões de metros cúbicos/dia, nível estável em relação a julho e 26,7% abaixo observado no mesmo período do ano passado.

O setor de geração de eletricidade, que alterna com a indústria a liderança como demandante do energético, foi responsável por 14,3 milhões de m³ no mês, com queda de 7,3% frente a julho e recuo de 24,8% sobre igual mês de 2019, quando as térmicas foram acionadas mais cedo.

O acionamento dessas usinas, com custos maiores que as hidrelétricas, deve ser mantido até que se confirme o início do chamado “período úmido” na região dos reservatórios, que geralmente começa em novembro, mas dá indica atraso, disse o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Liderando o consumo em agosto com 26,8 milhões de m³, na indústria houve recuperação de 2,6% nos volumes em base mensal, mas a demanda continuou 3% abaixo dos níveis de agosto do ano passado, antes da pandemia. No período de 12 meses, o tombo no setor foi de 3,1%.

O uso do insumo aumentou 9,8% frente ao mês passado entre veículos que usam gás (GNV), mas teve perda de 11% na relação ano a ano, de acordo com a Abegás.

Já segmento residencial, único a manter a força em meio à pandemia, com muitas pessoas ainda trabalhando de casa, teve alta de 1,5% em base mensal e avanço de 2,56% na comparação ano a ano.

A Abegás pontuou também o desempenho do setor comercial, que registrou alta de 21,6% no consumo em agosto frente a julho, diante do relaxamento de medidas de distanciamento adotadas para conter a disseminação da Covid-19. Em base anual, contudo, o segmento ainda cai 29%.

Usinas térmicas

A Abegás vem defendendo junto ao governo e parlamentares uma iniciativa para contratação de novas usinas térmicas como maneira de criar uma demanda firme que possibilite investimentos necessários para escoar até a costa reservas do energético em campos do pré-sal.

No final de outubro, a secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, afirmou que o governo não pretende apoiar a contratação compulsória de termelétricas, mas a Abegás deve insistir no tema.

A representante acredita um blecaute de grandes proporções ocorrido no Amapá na terça-feira passada e ainda não totalmente solucionado ilustra que há janela para inserir mais geração a gás no sistema.

“Acho que com o evento do Amapá fica realmente clara a necessidade do despacho termelétrico… a gente acredita que essas mudanças possam estar constando no projeto de Lei do Gás, que essa alteração possa ser inserida nas discussões”, explicou Mendonça em referência a um novo marco natural para o setor de gás, aprovado pela Câmara em setembro.

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