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Economia

Brasil deve desacelerar em 2023 e melhoria fiscal será corroída, diz Fitch

Análise da agência de classificação de risco.

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Pesquisa traça cenário com Lula como candidato já em 2022

O crescimento do Brasil deve desacelerar em 2023 e a melhoria fiscal será corroída, analisa a agência de classificação de risco Fitch.

De acordo com relatório divulgado nesta terça-feira (20), tanto a desaceleração quanto a corrosão se darão “dentro de uma margem consistente com o rating atual e de um ponto de partida melhor do que o esperado anteriormente”.

Este panorama faz com que a Fitch afirme o Rating de Inadimplência de Emissor (IDR) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira do Brasil em ‘BB-‘ com Perspectiva Estável.

Para a agência, a incerteza é elevada em relação aos planos do novo governo e até que ponto eles podem aliviar ou agravar os desafios fiscais e econômicos. No entanto, a Fitch não espera políticas que comprometam a estabilidade econômica geral.

Crescimento do Brasil pela Fitch

Ainda de acordo com o relatório, os ratings do Brasil são sustentados por sua grande e diversificada economia, alta renda per capita, mercados domésticos profundos que permitem uma alta parcela de financiamento soberano em moeda local e capacidade de absorção de choque sustentada por uma taxa de câmbio flexível, baixa desequilíbrios externos e reservas internacionais robustas.

Também disse que os ratings são limitados pelo alto endividamento do governo, uma estrutura fiscal rígida, fraco potencial de crescimento econômico e um histórico de desafios de governabilidade que dificultaram os esforços para abordar essas questões fiscais e econômicas e obscureceram a previsibilidade das políticas.

Em relação ao novo governo, ainda em fase de formação, a agência destaca que Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), assumirá o cargo de presidente em janeiro, após sua vitória apertada sobre o atual Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022.

“Lula promete um afastamento da agenda econômica liberal dos últimos anos. Mas não está claro o quão forte será a mudança de política que ele buscará, o que tem sido uma fonte de volatilidade do mercado desde as eleições”, ressaltou.

E disse mais: “mudanças nas políticas fiscal e microeconômica são prováveis, mas propostas concretas ainda precisam surgir.” A Fitch espera que a política monetária/câmbio e a autonomia do Banco Central (BCB) não sejam afetadas.

A agência lembra, porém, que um Congresso fragmentado, no qual os partidos conservadores obtiveram ganhos, pode representar um constrangimento para a agenda de Lula, mas não é certo que represente uma força forte para a disciplina fiscal.

Como fica o crescimento do país?

Conforme o relatório, a Fitch projeta um crescimento de 3,0% em 2022, refletindo um momento surpreendentemente forte no ano, apoiado pelos estágios finais da reabertura econômica pós-pandemia, medidas de estímulo e um forte mercado de trabalho.

O crescimento está esfriando, no entanto, devido ao efeito defasado do aperto monetário substancial, e a desaceleração global esperada será um empecilho adicional. A Fitch espera que o crescimento desacelere para 0,7% em 2023 e pode ser sensível a políticas fiscais expansionistas, uma vez que podem alimentar a demanda doméstica, mas também afetar adversamente a confiança e forçar o BCB a prolongar ou intensificar a política monetária restritiva.

Para a agência, uma agenda econômica liberal nos últimos cinco anos (reforma trabalhista, concessões/privatizações, mudanças regulatórias) ajudou a melhorar o clima de negócios à medida que o investimento público diminuiu e o investimento/PIB aumentou para 19% de uma baixa de 15%.

Essa agenda diminuirá com Lula, que prometeu interromper as privatizações e defendeu o retorno a um modelo de crescimento liderado pelo Estado. Mas planos concretos ainda estão para tomar forma. O governo indicou que suas prioridades de curto prazo podem incluir reforma tributária, para reduzir a complexidade e potencialmente aumentar as receitas, e mudanças nas leis trabalhistas. Detalhes de um push de infraestrutura planejado permanecem pendentes, e isso pode enfrentar desafios de execução.

“É provável que o governo procure redirecionar as estratégias corporativas de empresas estatais, como a petrolífera Petrobras e o banco de desenvolvimento BNDES, tendo criticado seu enxugamento e mudança para políticas de preços baseadas no mercado nos últimos anos. Esperamos que tal mudança seja gradual, em vez de um retorno total ao intervencionismo agressivo e à política quase-fiscal”, disse.

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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