Mundo
'Crise do bebê': queda na natalidade preocupa economistas do mundo todo
Envelhecimento da sociedade pode reduzir a força de trabalho e pressionar a inflação.
A queda das taxas de fertilidade tem preocupado economistas ao redor do mundo. O motivo? O envelhecimento das sociedades pode reduzir a força de trabalho.
O fator tende a pressionar a inflação, modificar a cultura de consumo e sobrecarregar programas governamentais destinados a cuidar das populações idosas.
Essas mudanças já estão ocorrendo, segundo estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A diminuição das taxas de natalidade alterará permanentemente a composição demográfica das maiores economias do mundo na próxima década.
Se as previsões se confirmarem, 2064 será o primeiro ano na história moderna em que a taxa de mortalidade global ultrapassará a taxa de natalidade. As maiores economias já estão quase nesse ponto.
Baixo índice de natalidade preocupa países ao redor do globo – Foto: Canva/Reprodução
Taxa de fertilidade
A taxa de fertilidade entre os 38 países membros da OCDE caiu para 1,5 filho por mulher em 2022, comparado a 3,3 filhos em 1960, bem abaixo do nível de substituição de 2,1 filhos por mulher necessário para manter a população constante.
Isso significa que a oferta de trabalhadores em muitos países está diminuindo rapidamente. Nos anos 60, havia seis pessoas em idade ativa para cada aposentado. Hoje, essa proporção é de três para um, e, em 2035, espera-se que seja de dois para um.
Os principais executivos de empresas norte-americanas mencionaram a escassez de mão de obra quase 7.000 vezes em previsões de lucros ao longo da última década, segundo uma análise do Federal Reserve de St. Louis.
Embora a imigração tenha ajudado a compensar problemas demográficos no passado, a diminuição da população é agora um fenômeno global.
Paravani-Mellinghoff observa que as economias avançadas podem começar a ter dificuldades para “importar” mão de obra de outras regiões.
Então, o que fazer?
Até 2100, apenas seis países terão crianças suficientes para manter suas populações estáveis: Chade, Níger, Somália, Samoa, Tonga e Tajiquistão, segundo uma pesquisa publicada pela Lancet.
Paravani-Mellinghoff aconselha investir em obrigações indexadas à inflação e matérias-primas como energia, metais industriais e agricultura.
CEOs e políticos já se preparam para essa ‘crise do bebê’. Elon Musk, pai de 12 filhos, alertou que a queda nas taxas de natalidade levará a uma civilização que terminará não com um estrondo, mas com um gemido, em fraldas para adultos.
Empresas como P&G e Kimberly-Clark registraram um declínio nas vendas de fraldas para bebês, mas um aumento nas vendas de fraldas para adultos.
A Nestlé mudou suas prioridades da produção de fórmulas infantis para atender às necessidades nutricionais de pessoas com mais de 50 anos.
Governos em ação
Governos também estão agindo. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou um plano de ‘rearmamento demográfico’ com testes de fertilidade e mais licenças parentais.
Nos EUA, o ex-presidente Donald Trump prometeu apoiar ‘bônus para bebês’ para promover um novo baby boom.
A taxa de natalidade nos EUA em 2023 caiu para um nível recorde, segundo os Centros de Controle de Doenças (CDC), revertendo um pequeno aumento observado durante a pandemia de Covid-19.
O Congressional Budget Office (CBO) prevê que o número de mortes superará o número de nascimentos em pouco mais de 15 anos, aumentando os gastos em programas como Medicare e Segurança Social.
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