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Economia

Custos com CBios não podem ser ‘acomodados’ pelo setor, diz CEO da BR Distribuidora

Grisolia mencionou custos de 10 a 20 reais por metro cúbico com CBios.

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O presidente-executivo da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, disse nesta quarta-feira que agentes do segmento de combustíveis do Brasil devem buscar um equilíbrio para o novo mercado de créditos de descarbonização, uma vez que os custos com CBios não podem ser absorvidos pelo setor de distribuição.

Grisolia mencionou, durante teleconferência de resultados da BR, custos de 10 a 20 reais por metro cúbico com CBios, e acrescentou que o setor privado e o governo devem encontrar maneiras de prosseguir com o programa sem que isso afete tanto os agentes do mercado e o consumidor.

“Isso (o custo com CBio) não é acomodado em nenhuma distribuidora, e é a maior distribuidora que está falando que não é, a maior distribuidora vai agir para que o desenho (do programa) seja cumprido”, afirmou o executivo.

O declaração foi feita no contexto em que a Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), que representa empresas menores, conseguiu na Justiça uma liminar para reduzir as metas de CBios em 2020, argumentando que as finanças das companhias poderiam ser prejudicadas pela compra dos créditos.

O CEO acredita as distribuidoras menores, assim com as maiores, desejam cumprir o programa RenovaBio, criado por uma lei, mas apontou que algumas “distorções de curto prazo” neste início da venda dos créditos precisam ser resolvidas.

“Se o preço (do CBio) sobe, e tem que cumprir a meta, (a distribuidora menor) pode não ter o caixa para fazer. Se a BR sente, imagina uma distribuidora menor”, defendeu.

O executivo disse que emissão e a oferta de CBios pelos produtores na B3 não parecem estar no mesmo ritmo, um problema adicional neste primeiro ano, coincidente com a pandemia, em que as distribuidoras tiveram metas definidas de compras de créditos com o propósito de compensar as emissões pelos combustíveis fósseis comercializados.

Distribuidoras vem afirmando que um represamento de venda de CBios estaria aumentando os preços dos créditos de visando afetar as margens do setor.

Anteriormente, representantes do setor de distribuição disseram que o valor do CBio quase triplicou para quase 70 reais ao final de outubro frente a setembro, quando as metas individuais foram revisadas.

“Nós que compramos não vemos a mesma velocidade de emissão de CBios na oferta na B3”, afirmou.

Neste semana, produtores de combustíveis criticaram a judicialização do processo, que consideram um pedido de “autorização para poluir”, de acordo com a associação de produtores de etanol Unica.

Para Grisolia, com o programa RenovaBio, a sociedade brasileira escolheu arcar com este custo de usar combustíveis menos poluentes, já que o programa foi desenhado justamente para estimular combustíveis menos poluentes

“No final do dia, os preços dos combustíveis fósseis têm de ser impactados… temos que comprar os CBios e vai ser passado, ou deveria ser passado. O entendimento da sociedade é que o preço dos combustíveis vai estar mais caro…”, comentou.

Ele também disse que o projeto atualmente tem “assimetrias”, uma vez que parte do setor teve suas metas reduzidas pela Justiça, em referência à decisão judicial obtida pela Brasilcom.

Se não houver um acordo e o programa não prosseguir como foi planejado, a BR vai agir para não ser prejudicada, afirmou o executivo.

“Estamos longe dessa situação, todas as distribuidoras pequenas e grandes, o Ministério de Minas e Energia, governo, ANP, produtores e etanol e biocombustíveis estão querendo achar um equilíbrio”, disse ele.

Grisolia afirmou ainda ficará frustrado se não houver uma evolução natural desse processo, após dificuldades consideradas normais para um primeiro ano. “A situação tem que ser de equilíbrio para todos os agentes do mercado, não pode ter distorções de curto prazo que prejudiquem alguém, e o consumidor neste meio do caminho fica confuso e os clientes também”, concluiu.

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