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Agronegócio

Os CBios estão aquecidos, produtores defendem a sua parte e esbarram em agenda complicada na Câmara

A mudança da Lei do RenovaBio é aguardada que passe por Comissão, antes de ir a plenário, em um momento em que as usinas estão faturando mais com o título

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O mercado de Crédito de Descarbonização (CBios) está aquecido, em volume de emissões e de títulos aposentados, além do que apresentou alta relevante das cotações na segunda quinzena de maio.

É dinheiro extra para as usinas, lastreado na comercialização de etanol, que os produtores de cana gostariam de ter uma parte também. Foi feito um acordo, “esquecido” pelas usinas, que se comprometeram a dividir os recursos negociados na B3 após a entrada em vigor do RenovaBio.

Nesta terça (13), em novo round desta disputa entre indústrias e canavicultores, a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) está na Câmara Federal tentando mover os parlamentares a aprovarem o Projeto de Lei (PL 3149/20) que dá esse direito aos produtores.

A proposta de mudança da Lei do RenovaBio precisa passar na Comissão de Minas e Energia para seguir a plenário. Mas esbarra em uma agenda complicada neste início de legislatura por conta de muitas Medidas Provisórias, CPIs e a queda de braço entre governo e oposição acirrada até que o presidente Lula atenda os interesses do Centrão por cargos e verbas.

O pleito da Feplana, hoje presidida por Paulo Leal, vem desde 2020, e parte do princípio básico de que os produtores rurais são o responsáveis por entregar uma cana limpa, com menor embarque de produtos químicos, dentro do plano do RenovaBio de remunerar a menor pegada de CO2.

Ainda que se possa considerar que a maior parte da cana moída – nesta safra atual calculada em torno de 606 milhões toneladas – é a chamada “cana própria”, ou seja, em terras das usinas (ou arrendadas), em torno de 60 a 70 milhões de toneladas vêm de fornecedores.

Em termos absolutos pode ser considerada pouca matéria-prima, só que esconde uma relativização importante.

Por um lado, as indústrias estão exigindo cada vez mais que os canavieiros produzam com menor uso de insumos de origem fóssil, com algumas, inclusive, não renovando contratos com aqueles que não conseguem se adequar.

Isto porque quanto mais as empresas emissoras de CBios provarem maior volume de cana-de-açúcar dentro dos parâmetros exigidos pelo RenovaBio, mais aumentam seu score de pontuação no programa.

Enquanto a situação não muda, o retrato a favor só das usinas é este, conforme relatório do Itaú BBA:

“De janeiro a maio, houve um aumento de mais de 1,5 milhão de Cbios (13,82 milhões ao todo) e o volume, foram aposentados (pelas partes obrigatórias de compra, as distribuidoras) 72% da meta anual de 2022 e de 2023, e o total disponível na B3 cobre o que falta a ser cumprido do ano passado e 50% da meta de 47,7 milhões de títulos deste ano”.

A cereja do bolo que somente a usinas Coaf e CoafSul, de Pernmabuco, dividem 100%: na segunda quinzena de maio, os preços médios de negociação subiram 29%, acima da quinzena anterior, com o CBio passando a valer R$ 130,13 cada título.

Com mais de 40 anos de jornalismo, sempre em economia e mercados, já passou pelas principais redações do País, além de colaborações para mídias internacionais. Contato por e-mail: infomercadosbr@gmail.com

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