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Economia

Dupla dinâmica? Lula quer um petista e um liberal dividindo a economia

Partido discute a proposição de nomes considerados complementares na Fazenda e no Planejamento. Ideia é neutralizar a reação do mercado

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A bolsa de apostas envolvendo os nomes que o novo governo Lula pretende emplacar na economia amanheceu em polvorosa. É que a Folha de S. Paulo obteve informações de que há dois fortes cotados por Lula aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Aparentemente, a decisão não deve demorar a tardar, sobretudo porque a PEC da Transição está travada no Congresso Nacional. Negociadores petistas, como o senador Jaques Wagner (PT-BA), já afirmaram que falta um rosto oficial para se responsabilizar pela proposta e fazê-la avançar.

E os sinais apontam que esse nome será o de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação. Interlocutores dão conta de que, por preencher os critérios de confiança e proximidade, o professor é o preferido de Lula. Além disso, trata-se de um nome com perfil político, considerado ideal para estabelecer o diálogo junto aos representantes do Legislativo. Ademais, o alinhamento de Haddad às preocupações de cunho social do novo presidente reforçam a sua liderança nesta corrida. Apesar disso, o nome encontra resistência no mercado financeiro. Lula, porém, já pensa na defesa perfeita e planeja entregar, a um liberal, uma pasta igualmente importante.

Assim, Persio Arida, que atualmente compõe a equipe de transição no grupo para a economia, seria o escolhido para o Ministério do Planejamento. Arida é ex-presidente do Banco Central e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Também foi um dos “pais” do Plano Real. De uma forma superficial, a Fazenda cuida da política econômica e do equilíbrio das contas públicas, enquanto o Planejamento distribui o orçamento para atender às necessidades do governo. Dessa forma, as atividades são complementares, mas visões antagônicas à frente de cada uma dessas pastas podem gerar ruídos.

Nem lá nem cá
Aparentemente, o que Lula pretende é promover um equilíbrio entre a visão mais voltada ao Estado, de Haddad, e a mentalidade liberal, de Arida. Dessa forma, há expectativas de conciliar a responsabilidade social com a responsabilidade fiscal, compromisso do qual o novo governo vem sendo cobrado após seguidas declarações polêmicas do presidente eleito. A princípio, também seria uma forma de manter o PT no controle dos rumos econômicos, sem perturbar a ordem do mercado, que poderia se tranquilizar com o contraponto que um liberal representaria à frente do Planejamento.

A escalação destes nomes, porém, depende da receptividade e do aceite dos convidados. O próprio Haddad já será submetido a um teste de fogo nesta sexta (25), quando representará Lula durante reunião com integrantes da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). A organização congrega os principais bancos do Brasil e o encontro tem realização anual. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, também estará presente. Quanto à Arida, há dúvidas sobre se ele realmente gostaria de integrar uma conjuntura formada sob tais circunstâncias, receoso de que talvez não tenha a autonomia de que precisa para trabalhar.

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