Economia
Embate Lula x mercado tem novo capítulo: Bolsa e dólar são afetados
Presidente eleito repete provocações em viagem ao Egito. Apresentação de PEC da Transição também é mal recebida e gera repercussões
O governo eleito na disputa do último dia 30 de outubro mal assumiu e já provoca “ranço” no mercado financeiro. Lula e seu entorno até deram sinais ao centro durante o pleito. O maior sinal disso foi a escolha de Geraldo Alckmin, antigo desafeto, à posição de vice-presidente da República. E, posteriormente, à chefe da equipe de transição. Mas o discurso ácido e provocativo do presidente eleito gera receio nos operadores da Bolsa.
Tudo começou com uma visita de Lula ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, há pouco mais de uma semana. O lugar é sede do governo de transição. Foi ali que, em discurso para aliados, o presidente chorou ao abordar a fome. E em fala sobre o investimento social que pretende promover, de maneira inflamada, questionou:
“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”
Ainda que a tendência a privilegiar políticas sociais fosse esperada, o deboche com a responsabilidade fiscal surpreendeu. A fala do presidente eleito desencadeou, então, uma série de reações por parte do mercado. Em grande parte, pelo receio de uma governança com perfil imprudente de gastos. No dia da declaração, por exemplo, a Bolsa caiu mais de 3%. Já o dólar subiu com força, sendo negociado a R$ 5,35. Foi a resposta imediata a uma tendência considerada temerária.
Por sua vez, Lula ironizou ao saber do movimento, dizendo que “o mercado fica nervoso à toa”. Henrique Meirelles, que é cotado para a Fazenda, chegou a opinar que Lula “dilmou” e desejou boa sorte a um grupo de ouvintes reunidos em um evento. A data ficou conhecida, então, no círculo como “Boa Sorte Day”. Nos dias seguintes, coube a Simone Tebet e Geraldo Alckmin colocar panos quentes. Os aliados do presidente eleito minimizaram a fala e afirmaram que a responsabilidade fiscal acompanharia a responsabilidade social durante o governo.
O estrago, porém, já estava concretizado. E a chamada PEC da Transição, que tentava incluir mais de R$ 170 bilhões fora do teto de gastos, em 2023, foi tratada como indicativo do que estaria por vir. Assim, começava a ali o início do fim da lua de mel entre o mercado e o governo eleito. As expectativas eram de que conselheiros alertassem Lula sobre os riscos de novas declarações, e ele, então, adotasse algum cuidado. Nesta quarta (17), contudo, em viagem ao Egito para participar da COP-27, a conferência climática da ONU, o presidente eleito voltou às críticas.
“Vai aumentar o dólar, cair a Bolsa? Paciência”, comentou Lula ao defender mudanças no teto de gastos. A declaração se deu no dia seguinte à apresentação da proposta formal da PEC de Transição, que sugere quase R$ 200 bi fora do teto de gastos. Ambas as situações geraram novo desconforto no mercado. O Ibovespa registrou queda superior a 2% e o dólar, na máxima do dia, foi cotado a R$ 5,53. As variações demonstram a aversão ao cenário criado, que deve ter novos desdobramentos, à espera da definição da nova equipe econômica. A dúvida é saber se Lula irá se conformar e abandonar o comportamento afrontoso ou se o mercado se adaptará ao estresse político que tem sido frequente.

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