Exterior ‘andando de lado’ e ritmo da indústria local agitam quinta-feira

Enquanto o cenário externo anda ‘meio de lado’, sem grandes variações e à espera dos novos dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, por aqui, um dia depois do recuo do PIB, é a vez de o investidor examinar os dados da produção industrial em julho, pelo IBGE (avanço de 0,5% para junho e 1,8%, ante igual mês de 2020, pela Refinitiv), já sabendo que a inflação (IPC-Fipe) de agosto cresceu 1,44%, ante 1,02% do mês anterior.

Duas derrotas – A quarta-feira (1º) foi dura com o Planalto, em seu embate com o Congresso, pois o governo foi obrigado a engolir duas derrotas no mesmo dia. A primeira foi a rejeição, pelo Senado, do texto da minirreforma trabalhista, que previa a criação de novos regimes de contratação para jovens, além do lançamento de um programa para contratação sem direito a benefícios, como férias, 13º salário e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Restrições eliminadas – Ao mesmo tempo, os senadores aprovaram decreto legislativo que elimina parte das restrições a planos de saúde de estatais, medida que impõe um custo adicional de R$ 1,5 bilhão por ano. Devido à rejeição, o governo está automaticamente impedido de editar nova medida provisória na mesma direção este ano.

Limitações mantidas – A segunda derrota, em votação simbólica pelos senadores, foi o não acolhimento da proposta que excluía regras limitantes dos gastos de estatais com planos de saúde a empregados, o que poderá inviabilizar a privatização dos Correios, um dos trunfos mais caros da plataforma política do presidente-candidato de 2022. Agora, a medida segue para promulgação em lei, não podendo ser mais vetada pelo mandatário.

Taxação confirmada – Em contraponto, o Executivo teve êxito – após acordo com a oposição – na aprovação pela Câmara (escore de 398 votos favoráveis e 77 contrários), na noite desta quarta (1), do texto-base da reforma do Imposto de Renda (IR), que confirma a taxação em 20% de lucros e dividendos e prevê uma redução menor do imposto sobre o lucro das empresas. Mesmo assim os parlamentares ainda poderão modificar a versão aprovada, seguido de envio do projeto de lei para o Senado.

Fim do JCP – Além de eliminar a taxação anterior (5,88%) dos fundos de investimento em ações, o projeto também sentencia de morte os Juros sobre Capital Próprio (JCP), além de reduzir, de 15% para 8%, a alíquota do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

CSLL menor – No caso da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), após o fim das deduções, a alíquota passará a ter menos um ponto percentual, passando de 9% para 8, em geral; para os bancos, ela recua de 15% para 14%, o mesmo valendo para as demais instituições financeiras. Outra deliberação fixa em 1,5% a alíquota da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), distribuída a entes federativos.

Risco imediato – No que toca à crise hídrica, o vice-presidente Hamilton Mourão admitiu que o país poderá enfrentar racionamento de energia nos próximos meses, caso as medidas para evita-lo não surtam o efeito esperado. Entre elas, Mourão destacou a “criação de uma comissão para acompanhar o problema e tomar decisões, no sentido de impedir a ocorrência de apagões”.

Poupar já – Sinal de que a questão está longe de uma solução foi o anúncio, ontem (1º), da nova bandeira tarifária, já batizada de ‘escassez hídrica’, termo cunhado com o propósito de reforçar a necessidade de a população poupar energia, mas também já apresentando uma conta 6,78% mais salgada, levando em conta a tarifa média de energia gasta pelo consumidor. Desse modo, a taxa extra cobrada a cada 100 kWh, quando é acionada a bandeira vermelha, passa de R$ 9,50 a R$ 14,20.

EUA ‘leve’ – Nos Estados Unidos, os juros futuros apresentaram, nesta quinta, leve alta, depois da véspera, quando o Dow Jones havia recuado 0,1%; o S&P subiu 0,03% e o Nasdaq avançou 0,3%. No mercado ianque, enquanto ações de tecnologia caíram, às do setor de petróleo e gás continuaram subindo.

Viés de alta – Na Ásia, as bolsas locais mantiveram o perfil misto da véspera, mas com viés de alta, que tem sido fortemente influenciado pela sanha regulatória chinesa, agora voltada para ‘regular’ o comportamento das empresas de caronas pagas, à semelhança das lotadas tupiniquins. Com exceção do Kospi (Coréia do Sul) – que caiu 0,97% –  todos os demais índices foram positivos: Shanghai composto (China) +0,84%; Hang Seng (Hong Kong) +0,24% e o Nikkei (Japão) +0,33%.

Europa ‘modesta’ – A mesma batida de altas modestas também está presente na Europa, onde o índice Stoxx 600 – composto por ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus – evoluía em +0,3%, ainda refletindo o bom desempenho dos papéis dos setores de viagem e lazer.

Indicadores

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,17%

*S&P 500 Futuro (EUA), +0,18%

*Nasdaq Futuro (EUA), +0,22%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), -0,11%

*Dax (Alemanha), -0,05%

*CAC 40 (França), +0,07%

*FTSE MIB (Itália), -0,07%

Ásia

*Nikkei (Japão), +0,33% (fechado)

*Shanghai SE (China), +0,84% (fechado)

*Hang Seng Index (Hong Kong), +0,24% (fechado)

*Kospi (Coreia do Sul), -0,97% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +0,437%, a US$ 68,89 o barril

*Petróleo Brent, +0,45%, a US$ 71,91 o barril

*Bitcoin, +4,67%, a US$ 49.981,58

*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram queda de 0,58%, cotados a 773,5 iuanes, equivalente hoje a US$ 119,71 (nas últimas 24 horas).

USD/CNY = 6,46