Ações, Units e ETF's
‘Frenesi’ de mercado muda perfil de negócios dos fundos
Novas opções de investimento despertam interesse de grupos de private equity
A velocidade acelerada de fusões, aquisições e abertura de capital que marca 2021 despertou o interesse de grandes grupos de private equity – especializados na aquisição de participação de empresas – por novas formas de investimento. Como a expectativa do mercado é que a economia desacelere no próximo ano, está aberta a temporada de fundos dispostos a mudar o portfólio de seus negócios.
Dança das cadeiras – Exemplo disso é o fundo Avent, que vendeu sua participação no Grupo Big (ex-Walmart) à rede francesa Carrefour; o Partners Group fez o mesmo com relação ao hortifrúti Natural da Terra, agora sob controle das Americanas. Para os próximos meses, caminho semelhante vão tomar os fundos Perfil, que pretende se desfazer da empresa de energia Comerc; o Carlyle, que deverá sair da rede de restaurantes Madero; a Paraty Capital, da fabricante de alimentos Dori e a Leste Capital, da rede de academias Bluefit.
IPOs previstas – Entre as IPOs (ofertas iniciais de ações) previstas para este ano, destaque para as companhias, Oncoclínicas, Espaço Laser e a locadora de equipamentos Armac, operações que também devem envolver venda de ações por esses fundos. Marcando a fase de ‘desinvestimentos’, a empresa de transformação digital CI&T pretende abrir capital nos Estados Unidos, iniciativa que pode representar a solução para a mudança de perfil de negócios pelo Avent.
Novas candidatas – Ao todo, são mais de 20 empresas com pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que preferiam ‘aguardar um momento menos volátil e de menor aversão ao risco’. São candidatas, a fabricante de alimentos Dori Alimentos, a rede de academias Bluefit, a Ammo Varejo (dona da MMartan) e a rede de restaurantes Madero, sem contar a fabricante de meias Lupo, que protocolou pedido nessa quinta-feira (26).
Ativos interessantes – Para o presidente do banco Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema, o ‘aquecimento’ do mercado de capitais abre espaço para avaliações de preço de ativos mais interessantes, uma vez que os fundos “podem girar suas carteiras de maneira mais rápida, agilizando a remuneração dos cotistas, além de reforçar o caixa, visando a prospecção de novos negócios.
Ciclo de permanência – Ao estimar de cinco a dez anos, o ciclo de permanência de um fundo em um negócio, o chefe da área de mercado de capitais e renda variável para a América Latina da mesma instituição financeira, Eduardo Mendez, avalia que a venda via IPO “é bem vista se o investidor permanece com parte das ações, mostrando que confia no ativo”. Nesse caso, acrescenta ele, a “venda do restante da participação costuma ser feita mais tarde, depois que a empresa continuou a apresentar bons resultados”. No seu entendimento, a devolução dos recursos aos cotistas do fundo facilita a atração de novos investimentos, após a venda do negócio.
Investimentos dobram – De acordo com dados da Associação Brasileira dos Fundos de Private Equity (Abvcap), somente de janeiro a março deste ano, a venda de ativos por fundos totalizou R$ 7,8 bilhões, bem acima dos R$ 2,7 bilhões registrados, em igual período de 2020. Nesse mesmo período, os investimentos praticamente dobraram na relação anual, atingindo o montante de R$ 10,7 bilhões.
Nacionais predominam – A tendência também é confirmada pela consultoria PwC, que observou a participação também apontam para crescimento da participação dos fundos de private equity nas operações de fusões e aquisições. De janeiro a março, esses investidores estiveram presentes em 92 transações – 35% maior que o mesmo período de 2020 – do qual 70% eram investidores nacionais e os 30% restantes, estrangeiros.
Volatilidade ameaça – Embora apresentem expressivo volume financeiro (R$ 120 bilhões) este ano – já superior ao recorde de 2000 – as ofertas de ações, que tiveram êxito em vencer a cautela própria da pandemia, agora enfrentam um cenário de alta volatilidade, com direito à alta do risco Brasil, tensão internacional com a tomada do Afeganistão pelo Talibã e treta política envolvendo poderes no Brasil.
Aguardar é preciso – Tal quadro incerto já vem fazendo ‘vítimas’ no mercado. É o caso da Vittia, empresa do setor de agricultura, que decidiu adiar a sua IPO, por tempo indeterminado, mesma situação do Banco de Brasília, ao suspender sua oferta para setembro próximo.
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