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Tecnologia

Game racista? Google reage e apaga jogo que simula escravidão de negros

Aplicativo ficou disponível por três dias e foi baixado por mais de 1 mil pessoas. Usuários reclamaram das poucas possibilidades de agressão

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Um jogo racista que simula a escravidão e permite aplicar castigos e torturar pessoas negras foi descoberto entre os aplicativos disponíveis na Google Play Store. Como é de se imaginar, o caso gerou enorme polêmica e motivou reação imediata da empresa.

O jogo, chamado “Simulador de Escravidão”, foi retirado do ar pelo Google na tarde dessa quarta-feira (24). Ele estava disponível na loja de apps, voltada para aparelhos Android, desde o início da semana.

Dinâmica tirana

Conforme as regras do game, o jogador pode atuar como se fosse um proprietário de escravizados, e a dinâmica estipula duas posturas diante dessa condição: a tirana e a libertadora.

Na primeira proposta, a intenção é que o jogador obtenha lucro e impeça fugas e rebeliões. Para isso, no entanto, é possível aplicar castigos, agredir e torturar os escravizados.

Já na segunda opção, a ideia é lutar pela liberdade dos negros até chegar à abolição, como se fosse uma espécie de fase final do game.

Responsáveis

O jogo foi produzido pela Magnus Games. Até o momento da retirada, ele já havia sido baixado por mais de 1 mil pessoas e possuía 70 avaliações registradas.

Esse caso fica ainda mais inacreditável quando se analisa o teor dos comentários deixados pelos jogadores. Alguns deles chegaram a reclamar que o jogo oferecia poucas possibilidades de agressão.

A Magnus Games incluiu na descrição da plataforma que o “jogo foi criado para fins de entretenimento” e que ela condena a escravidão no mundo real.

Apesar da retirada feita pelo Google, o jogo ainda seguiu aparecendo entre os aplicativos até o final da tarde desta quarta-feira, mas os usuários não conseguiam baixá-lo.

Como fica agora?

As mais de 1 mil pessoas que já tinham feito o download do app no celular poderão continuar jogando normalmente, o que impressiona e gera revolta.

O caso viralizou nas redes sociais, assim que se tornou público. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) informou que vai entrar com uma representação no Ministério Público por crime de racismo. Palavras dele, no Twitter:

Entraremos com representação no Ministério Público por crime de RACISMO e levaremos o caso até as últimas consequências, de preferência a prisão dos responsáveis. A própria existência de algo tão bizarro à disposição nas plataformas mostra a URGÊNCIA de regulação do ambiente digital.”

Até o momento, o MP de São Paulo não se manifestou sobre o caso.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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