Mercado de Trabalho
Idosos têm sido solução para escassez de mão de obra no Japão
Com o envelhecimento populacional, o país asiático enfrenta desafios trabalhistas, mas a participação ativa dos idosos no mercado ajuda a mitigar o problema.
O Japão, renomado pela média de longevidade de seus habitantes, está transformando seu envelhecimento populacional em uma solução parcial para a escassez de mão de obra.
Em uma sociedade onde o índice de natalidade está em queda e a expectativa de vida aumenta, a força de trabalho envelhece rapidamente. Em contraponto a isso, as autoridades têm promovido políticas para manter os idosos ativos, como elevar a idade de aposentadoria.
A decisão de muitos aposentados que preferem continuar trabalhando, como Atsuko Kasa, de 68 anos, reflete um desejo mais profundo do que apenas obter renda extra, já que muitos buscam manter-se ocupados e contribuir para a comunidade onde vivem.
Na cidade de Yokohama, Kasa escolheu permanecer ativa no Centro Silver Jinzai, em vez de se dedicar a atividades típicas da aposentadoria. Segundo ela, o trabalho lhe proporciona uma vida mais significativa ao ajudar outras pessoas.
A organização Silver Jinzai, fundada em Tóquio em 1975, desempenha um papel crucial ao registrar mais de 700 mil idosos interessados em participar ativamente da sociedade. A variedade de empregos oferecidos reflete a demanda crescente por experiência e habilidades dos idosos.
Papel de Silver Jinzai no mercado de trabalho japonês
A rede Silver Jinzai oferece aos idosos empregos como faxineiros, jardineiros e assistentes de cuidados infantis. Algumas posições exigem conhecimento em idiomas ou habilidades técnicas.
Essas ocupações geram uma renda adicional, com salários variando conforme a atividade. A jardinagem, por exemplo, pode pagar até 1.040 ienes (cerca de 50 reais) por hora, enquanto a limpeza de neve no norte do país pode render 1.855 ienes (aproximadamente 90 reais).
Os idosos japoneses são uma grata adição à força de trabalho local – Imagem: reprodução
Além de proporcionar estabilidade financeira aos idosos, o programa minimiza a falta de mão de obra, que se agrava com o tempo. No entanto, especialistas alertam que, mesmo com essas medidas, o Japão ainda deve enfrentar um déficit de 6,44 milhões de trabalhadores até 2030.
A iniciativa também destaca a busca por melhores condições e remunerações, visto que muitos optam por oportunidades fora do Silver Jinzai.
O futuro do trabalho para os idosos japoneses
Com o aumento da longevidade e da saúde dos idosos, a percepção de idade avançada vem mudando. Hiroshi Yoshida, da Universidade de Tohoku, observa que os idosos de hoje não se consideram velhos e desejam salários melhores. Consequentemente, o Silver Jinzai precisa se adaptar para continuar atraente para essa demografia.
O Japão enfrenta um dilema populacional, mas tem nas mãos um recurso valioso em sua população idosa. Manter esses indivíduos ativos e engajados não só ajuda a mitigar a escassez de mão de obra, mas também enriquece a sociedade como um todo.
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