Investimentos
Investimentos de pessoas físicas no Brasil chegam a trilhões de reais
Volume alcançou a cifra de 6,96 trilhões no primeiro semestre de 2024.
Os investimentos das pessoas físicas no Brasil alcançaram um volume impressionante de R$ 6,96 trilhões no primeiro semestre de 2024, representando um crescimento de 7,6% em relação a dezembro de 2023.
Os dados, divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), revelam tendências importantes, como o aumento da alocação em renda fixa e a permanência de quase R$ 1 trilhão na caderneta de poupança.
Estrutura dos investimentos: segmentos e volumes
O mercado de investimentos está dividido em três principais segmentos: private, varejo alta renda e varejo tradicional.
O private, que envolve grandes fortunas e contas com alto patrimônio, cresceu 3,3% e atingiu R$ 2,18 trilhões, abrangendo 162,7 mil contas e 66,8 mil grupos econômicos, como famílias.
Já o varejo, somando os subsegmentos de alta renda e tradicional, registrou um avanço significativo de 9,6%, totalizando R$ 4,77 trilhões.
No varejo tradicional, o volume alcançou R$ 2,33 trilhões, enquanto no varejo de alta renda o montante chegou a R$ 2,44 trilhões.
Juntos, tais segmentos representam 170,2 milhões de contas, número que inclui múltiplas aplicações por pessoa em diferentes instituições financeiras.
Brasileiros têm feito mais investimentos, segundo dados do primeiro semestre de 2024 – Imagem: reprodução
Preferência pela renda fixa
Mais da metade dos recursos investidos pelos brasileiros está alocada em produtos de renda fixa.
Esse tipo de aplicação, que inclui opções conservadoras e de baixo risco, cresceu 10,1% no período, adicionando R$ 370,9 bilhões ao volume registrado em dezembro de 2023.
Tal crescimento foi superado apenas pelo avanço da categoria previdência (10,8%) e pela expansão dos ativos classificados como ‘outros’ (14,8%), que incluem recursos em caixa, contas-correntes e outros ativos não identificados.
Segundo Ademir A. Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, o cenário macroeconômico, marcado pela taxa básica de juros (Selic) elevada, é o principal motivo para a preferência pela renda fixa.
Mesmo com o crescimento de outras modalidades de investimento e os esforços de educação financeira, a poupança continua sendo um dos destinos mais comuns para os recursos dos brasileiros.
Quase R$ 1 trilhão está alocado na caderneta de poupança, representando 13,7% do total investido.
Apesar do baixo rendimento em comparação a outros produtos, a poupança mantém sua popularidade, especialmente entre os pequenos investidores, devido à simplicidade e à isenção de impostos.
Destaques em títulos isentos de imposto
Entre os títulos de valores mobiliários, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) tiveram os maiores crescimentos no período.
Os CRIs avançaram 25,5%, alcançando R$ 78,7 bilhões, enquanto os CRAs cresceram 22,9%, totalizando R$ 114,3 bilhões.
A maior parte desse aumento ocorreu no varejo, em que o volume de CRAs aumentou 34% e o de CRIs cresceu 40,2%.
Em contraste, a elevação das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) foi mais modesta, com uma alta de 3,6% em ambos os casos.
As recentes regras do Conselho Monetário Nacional (CMN), que limitaram as empresas autorizadas a emitir esses títulos e ampliaram os prazos de carência, reduziram a atratividade desses produtos para muitos investidores. Ainda assim, o ambiente de juros altos continua favorecendo a demanda por esses ativos.
O cenário de investimentos no Brasil reflete tanto o momento econômico quanto as preferências dos investidores. O crescimento expressivo em renda fixa e a resiliência da poupança demonstram a busca por segurança em meio a um ambiente de juros elevados.
Além disso, a expansão dos títulos isentos de imposto, como CRIs e CRAs, mostra o interesse crescente por alternativas que combinam retorno atrativo e vantagens fiscais.
Em um mercado cada vez mais diversificado, entender tais tendências é essencial para quem deseja fazer escolhas financeiras alinhadas com seus objetivos e o contexto econômico.
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