Commodities
Mesmo com queda no valor do boi, varejo não reduz preço da carne
Saída da China do mercado brasileiro derruba preço da arroba do boi gordo em 19% em relação ao final de junho.
A China, que até pouco tempo comprava 50% da carne bovina brasileira exportada, deixou de adquirir o produto após a confirmação de dois casos de vaca louca. O movimento ocorrido há pouco menos de dois meses coloca em dificuldades a cadeia produtiva da proteína.
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Na última sexta-feira, 22, a arroba do boi gordo chegou a R$ 260, queda de 19% em relação ao valor registrado no final de junho (R$ 322 a arroba). Um quilo da carne sai por uma média de R$ 19 no atacado, recuo de 5% em um mês, segundo dados do Cepea (centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Mas o varejo vem na contramão. Em um mês, o preço da carne bovina teve alta de 0,64% nos supermercados e açougues de São Paulo, mostra o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
Os dados do IPC revelam que o valor da carne bovina havia registrado queda de 0,12% em setembro, mas voltaram a subir em outubro na capital paulista.
A pecuária também sente os efeitos da valorização do dólar. Após meses de ganhos para pecuaristas e exportadores, eles agora sofrem com o aumento dos preços internacionais. A arroba do boi gordo, que valia US$ 65 no final de junho, hoje é vendida a US$ 46.
Conta não fecha
O medo não vem só do cenário atual, mas do que o futuro guarda, diz Bruno Lucchi, da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). No início de 2022, é grande a probabilidade de que o produtor reduza os abates, fazendo com que a carne pese ainda mais no bolso do brasileiro.
Em nota divulgada na semana passada, o Sindifrigo-MT (Sindicato das Indústrias de Frigorífico do Mato Grosso) afirmou que a despeito da queda nos preços da arroba e no atacado, não houve redução para o consumidor.
“Uma distorção que mostra a ganância de um elo que não quer fazer parte de uma corrente da cadeia”, criticou o sindicado.
Enquanto as relações entre os integrantes dessa cadeia não amadurecem, quem sente o impacto na mesa é o consumidor brasileiro.
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