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Commodities

Nova política comercial da Petrobras eleva risco de ‘ingerência política’ nos preços dos combustíveis

A avaliação é consensual entre especialistas, para quem a medida eliminou a ‘transparência’ da petroleira

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Além de não produzir impacto para o consumidor final, nos postos de combustíveis, a ‘nova’ política comercial adotada pela Petrobras – anunciada esta semana, pelo presidente petista Jean Paul Prates – aumenta o risco de ‘ingerência política’ na gestão de preços dos combustíveis pela petroleira.

A avaliação é consenso entre especialistas, ao apontarem que nova política comercial da companhia retirou a ‘previsibilidade’ para o mercado, sobretudo após a decisão da estatal, de abandonar o critério de definição do valor dos combustíveis, com base no preço de paridade internacional (PPI), que leva em conta a variação do dólar, bem como a cotação externa do petróleo.

Para o sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Pedro Rodrigues, “o Brasil é um país que não tem um passado muito bom quando se fala em menos transparência de preços”, dispara, ao lançar um questionamento: “Será que a Petrobras vai deixar dinheiro na mesa? Se eu estou com dificuldade de entender essa conta, imagina o acionista da Petrobras”. Em consequência, Rodrigues entende que “provavelmente, o papel da empresa [ação da Petrobras], vai sentir o impacto da notícia [mudança na política comercial] nos próximos dias”.

Ao não visualizar qualquer efeito concreto da medida para o consumidor final, o economista e CFO da Somus Capital, Luciano Feres, admite esperar “maior influência política na empresa, seguida de queda no lucro” e sentencia: “Uma política que não segue a paridade não tem como ser positiva”.

Sem transparência – Incisivo sobre a mudança em destaque, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, observou que “há falta de clareza na nova estratégia de preços da Petrobras”. Ao avaliar o teor dos argumentos da estatal para a reviravolta de sua política comercial, Araújo confessa: “Eu li até duas vezes o fato relevante e, para mim, não está muito claro não, tem coisas muito subjetivas: como vai ponderar a melhor alternativa do cliente na formação de preço, a margem por refinaria, o preço do produto alternativo. Na minha visão, o que tem de concreto é que a transparência acabou”, atacou.

Indo além em sua análise, o economista da Somus Capital prevê que a mudança na política de preços da Petrobras será “sentida, principalmente pelos importadores, segmento que, até então, conseguia perceber, com antecedência, possíveis reajustes baseados no comportamento do petróleo no mercado internacional”. Para ele, a nova estratégia acaba com a previsibilidade dos reajustes de preços – que era proporcionada, justamente pelo PPI – e ainda fica a dúvida de como a estatal vai operacionalizar as mudanças. “Essa previsibilidade acabou”, sentenciou.

Ações sobem, mas até quando? – A nova ‘roupagem’ para a velha política de preços, adotada pela nova diretoria da estatal, abriu margem para que persistam muitas dúvidas em relação ao futuro da companhia, a despeito da valorização de seus papéis, na véspera (16) – de 2,49% (PETR4) e de 2,24% (PETR3).

Como reforço à nova orientação, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, soltou nota ao mercado, segundo a qual “em vez de atrelar seu preço final somente ao preço de paridade de importação, a companhia vai manter o preço internacional como referência e vai acrescentar dois novos fatores a essa conta: o custo de produção da empresa e o chamado ‘custo de oportunidade’ dos clientes”.

Na coletiva de imprensa que se seguiu ao comunicado, porém, a função dos novos termos não foi devidamente esclarecida, restando a impressão de que a informação ficou mais complexa, mas ninguém sabe até agora o peso de cada critério adicional para a formação do preço final dos combustíveis.

Além de serem definidas antes do ‘abandono’ do PPI pela estatal, as reduções dos combustíveis, anunciadas ontem (16), na verdade, acabaram sendo convenientes, por coincidirem com a queda do petróleo no mercado internacional e do câmbio. Dessa forma, permanece elevada a expectativa do mercado em relação aos próximos movimentos da estatal em sua ‘nova’ política de preços para os combustíveis, sobretudo quando houver (e é provável que ocorra) alta do petróleo no exterior.

Sou um profissional de comunicação com especialização em Economia, Política, Meio Ambiente, Ciência & Tecnologia, Educação, Esportes e Polícia, nas quais exerci as funções de editor, repórter, consultor de comunicação e assessor de imprensa, mediante o uso de uma linguagem informativa e fluente que estimule o debate, a reflexão e a consciência social.

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