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“Para cumprir meta de inflação, juros deveriam ser de 26,5% [ao ano]”
Declaração ‘bombástica’, mas baseada em cálculos técnicos precisos, foi disparada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto
“Se fosse cumprir a meta de inflação em 2023, teria que ter juro de 26,5%”. É o que afirmou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (30), ao acrescentar que a autoridade monetária tem adotado um processo de “suavização’ do cumprimento da meta de inflação”.
Para este ano, a meta de inflação foi definida em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, isto é, com banda mínima de 1,75% e banda superior de 4,75%. Já a taxa básica de juros, a Selic, tem sido mantida pelo BC, no patamar atual, de 13,75% ano, desde setembro do ano passado.
Na oportunidade, o comandante do BC criticou o que chamou de “politização da linguagem muito técnica da ata do Copom [Comitê de Política Monetária]’, ao comentar o trecho do documento, que faz menção ao fato de que “o BC não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, se a desinflação não ocorrer como esperado”.
Como reforço às posições de Campos Neto, o diretor de Política Monetária do BC, Diogo Guillen lembrou que “na ata foi dito que não há relação mecânica entre arcabouço fiscal e política monetária”, acrescentando que o principal canal é “expectacional”, que está ligado à ancoragem das expectativas (de inflação) e aos respectivos prêmios de risco. Tal canal, para Guillen, ’é o mais importante a ser considerado, como reflexo da desinflação’.
A respeito da recente crise de crédito, nos Estados Unidos, na Europa e no próprio país (vide insolvência da Americanas), o diretor do BC acentuou que a autoridade monetária pretende continuar ‘monitorando a extensão dos riscos, além de dispor de ferramentas para lidar com eles’.
Nesse aspecto, Guillen comentou, ainda, que “se há uma distorção, uma fricção, em alguma modalidade, em algum mercado, você tem o uso de medidas macroprudenciais e de liquidez disponíveis e apropriadas para lidar com isso”.
Por fim, ao admitir que a maior restrição da oferta de crédito atual decorre do aperto monetário, o diretor do BC admitiu existir a dúvida sobre ‘se a desaceleração será maior do que seria compatível com a política monetária’.
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