Automobilística
Por que as montadoras estão desistindo dos carros elétricos?
Montadoras revisam estratégias de eletrificação, considerando híbridos e combustão, diante de desafios de infraestrutura e demanda
Nos últimos tempos, a promessa de uma revolução elétrica no setor automotivo ganhou força. Grandes montadoras vislumbram um mundo sem carros a combustão até 2030. No entanto, a realidade se mostra mais complexa e algumas empresas estão revisitando seus planos.
Gigantes como General Motors (GM), Ford e Volvo lideram esse movimento de reavaliação. Essas empresas, que inicialmente apostaram todas as fichas na eletrificação total, agora optam por uma abordagem mais cautelosa. A produção de veículos híbridos aparece como uma solução intermediária diante de desafios imprevistos.
Indústria automotiva reavalia planos e decide apostar em carros elétricos até 2030 – Imagem: Owlie Productions/Shutterstock
Estratégias revisadas: foco nos híbridos
Em um gesto pioneiro, a GM anunciou uma mudança significativa em sua estratégia. Ao invés de concentrar esforços exclusivamente em elétricos, a montadora prioriza o desenvolvimento de veículos híbridos a partir de 2030.
A Ford também está reavaliando sua postura, especialmente na Europa, onde a venda de carros a combustão deverá continuar.
Por sua vez, a Volvo decidiu focar em híbridos plug-in. A decisão reflete a queda na demanda por elétricos na Europa, uma região que antes parecia promissora para essa transição.
Tal mudança de estratégia dessas montadoras é um reflexo direto das condições de mercado.
Desafios da eletrificação global
Entre os principais obstáculos para a eletrificação estão a insuficiente infraestrutura de carregamento e a falta de incentivos governamentais. Ricardo Bastos, da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), enfatiza que o apoio do governo é crucial para acelerar a adesão aos elétricos.
Um relatório do Goldman Sachs aponta para uma queda abrupta nos emplacamentos de veículos elétricos. Após um pico em dezembro, as vendas caíram quase pela metade. Além disso, a desvalorização de carros usados e incertezas políticas complicam ainda mais a adoção.
Brasil: crescimento em meio aos desafios
Enquanto o cenário global enfrenta dificuldades, o Brasil segue em uma trajetória de crescimento no mercado de veículos elétricos. Houve um aumento de 146% nas vendas no primeiro semestre de 2024. Fatores como a novidade do produto e as restrições tributárias impulsionam essa expansão.
Ainda assim, o país precisa investir mais na infraestrutura de carregamento para sustentar esse crescimento. O futuro do veículo elétrico no Brasil depende de um equilíbrio entre demanda, incentivos e suporte logístico adequado.
A reavaliação das montadoras reflete desafios complexos que a indústria automotiva enfrenta. A eletrificação total ainda parece distante para algumas regiões. Contudo, mercados emergentes, como o Brasil, mostram que há espaço para inovação e crescimento, desde que os desafios sejam devidamente enfrentados.
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