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Agronegócio

Só com operacional, usinas estão ganhando R$ 190/t de cana, contra prejuízo dos produtores, diz Orplana

Produtores esperam mudanças no modelo de pagamento pela cana por parte das usinas, em pleito há muito adormecido

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O novo estudo da Orplana, que agrega os fornecedores independentes de cana do Centro-Sul, promete mexer novamente com as bases estruturais do setor sucroenergético que andavam meio adormecidas.

O desequilíbrio de receita entre uma tonelada de cana moída pelas usinas e uma tonelada entregue pelo canavieiro apresenta números “surpreendentes”, a despeito da situação do etanol, ruim desde 2022, mas compensada pelo açúcar.

Depois de se debruçar sobre os últimos balanços trimestrais de 127 usinas, a equipe do CEO José Guilherme Nogueira chegou à constatação de que as indústrias, na média, obtiveram R$ 390 de receita, contra um prejuízo de R$ 17,03 dos produtores.

Se for limpados os juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda (da sigla do inglês), ou seja, apenas o operacional, as indústrias ainda estão ganhando R$ 190 por tonelada nesta safra.

Na sua área de abrangência, a Orplana os produtores associados às regionais somam em torno de 60 milhões de toneladas, daí que o prejuízo ultrapassa R$ 1 bilhão.

Disposta a fazer valer a necessidade de mudança no modelo de remuneração ao produtor, a Orplana ainda vai trabalhar com outro número que, segundo Nogueira, contesta a opinião das empresas processadoras de açúcar e álcool.

“41% dos contratos [dos produtores ao abrigo da Orplana) com as usinas estão baseados no Consecana puro, sem bonificação alguma”, complementa o executivo da entidade.

Apesar de ser um colegiado entre todos os atores do setor, no Consecana historicamente prevalece a vontade das indústrias. E, por Consecana puro, a principal unidade de valor, toma-se a média dos ATRs (total de açúcares na cana) ponderada pela comercialização do mix (açúcar e álcool).

Algumas variantes foram estabelecidas, como Consecana +plus e outras denominações, mas nenhuma está remunerando o produtor, entre as quais a cana spot, adverte José Guilherme Nogueira.

Vale lembrar: há tempos que o setor pede para que seja contemplada no mix das usinas a geração de energia, que passou a ser um ativo relevante para várias unidades que fazem negócios com venda ao sistema elétrico.

E juntamente com a Feplana, também representante dos canavieiros, espera-se uma definição quanto ao pagamento pelas usinas dos Créditos de Descarbonização (CBios), que as remuneram pela venda de etanol com menor pegada de carbono, no âmbito do RenovaBio, basicamente a partir de biomassa mais

Com mais de 40 anos de jornalismo, sempre em economia e mercados, já passou pelas principais redações do País, além de colaborações para mídias internacionais. Contato por e-mail: infomercadosbr@gmail.com

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