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Térmica de Uruguaiana pode retomar operações 5 anos após paralisação

Acionamento de termelétricas adicionais foi adotado pelo governo para atender à demanda em meio à fata de chuvas nas hidrelétricas.

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A usina termelétrica a gás de Uruguaiana, localizada no Rio Grande do Sul, pode retomar suas operações ainda neste mês, após paralisação total em 2015, afirmou o diretor de uma empresa que integra as conversas para o retorno da unidade.

A térmica deve voltar a operar assim que estiver disponível, já que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne técnicos da área de energia do governo, adotou o acionamento de termelétricas adicionais como medida para atender à demanda em um cenário de poucas chuvas nas hidrelétricas.

Em setembro, a argentina Saesa fechou a aquisição do ativo junto à norte-americana AES, que busca realizar investimentos no Brasil em renováveis.

Após a compra, a Saesa engajou as brasileiras Mercurio Comercializadora e Urca Energia na comercialização no país da energia da térmica, que atualmente possui 640 megawatts em potência instalada, segundo a própria Saesa.

“Hoje, minha melhor previsão é que a usina estaria apta a gerar a partir da metade de novembro”, disse Eduardo Faria, sócio-diretor da Mercurio que discute com a retomada com a parceira Saesa.

“É uma usina que vai estar disponível e é competitiva perto das outras que estão gerando, e em uma região que precisa mais do que nunca, que é o Sul”, acrescentou sem citar custos de operação.

O custo final depende da finalização de negociações em andamento para fechamento de um contrato de fornecimento de gás para Uruguaiana, que têm sido conduzidas pela Saesa, disse Faria, que indicou que o acordo está próximo.

A empresa também afirmou que Uruguaiana deve aproveitar uma sobra de gás esperada na Argentina com o início do verão, quando cai a demanda local pelo uso do insumo para aquecimento.

A paralisação da térmica por anos devia-se justamente à dificuldade da AES para fechar um fornecimento firme de gás. A usina foi acionada apenas de forma emergencial em 2015, 2014 e 2013, depois de ter ficado parada desde 2009.

“Ela vai estar disponível para gerar com certeza durante o verão lá… até meados de março, abril, ela com certeza vai ter disponibilidade de gás, conforme fomos informados pela Saesa. E depois tem que ver como vai ser o inverno na Argentina, como vai ser a demanda por lá”, explicou o executivo.

A usina de Uruguaiana foi inaugurada em 2000. A AES não informou os termos da negociação do ativo junto à Saesa, bem como o valor, o prazo do contrato com Mercurio e Urca, e os volumes de energia não foram informados pelas empresas.

Acionamento de termelétricas

Segundo informações de especialistas e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a tentativa de retomada de Uruguaiana vem em cenário em que o Brasil tem mantido grande volume de térmicas ligadas para possibilitar uma recuperação das hidrelétricas.

Em 16 de outubro, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou o acionamento de termelétricas adicionais e também deu aval a importações de energia do Uruguai e da Argentina.

“O despacho de usinas térmicas adicionais fora da ordem de mérito, autorizado pelo CMSE… ocorrerá até que a situação hidrológica do país melhore”, explicou o ONS.

“Pelas previsões meteorológicas atuais, a expectativa é de que, a partir de segunda quinzena de novembro, os efeitos da estação chuvosa já devem começar a ser vistos”, acrescentou o regulador, que rejeita qualquer risco para o fornecimento.

Mudanças na operação das hidrelétricas Furnas e Mascarenhas de Moraes, autorizadas pelo Ministério de Minas e Energia para manter mais água no lago das usinas e preservar o turismo local, também afetaram a oferta de energia. Mas, segundo o ONS, esse fator não foi decisivo e a situação é causada quase exclusivamente pela falta de chuvas.

As chuvas em outubro registraram seu menor nível histórico nas hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, onde estão os maiores reservatórios, e tiveram o segundo pior desempenho já visto no Sul, afirmou o presidente da comercializadora de energia Bolt, Gustavo Ayala.

“Tirando as usinas a óleo diesel e óleo combustível, todas as outras estão acionadas, todo o parque a gás natural. A expectativa é que pelo menos em novembro elas mantenham esse mesmo nível de despacho. Por mais que chova, o solo está muito seco”, acrescentou Ayala.

Novembro geralmente é o mês que começa o “período úmido” na região das hidrelétricas do Brasil, que se estende até abril, mas há ocorrências em atrasos na chegada efetiva das chuvas.

Considerando que o custo de produção das termelétricas é maior que o de outras fontes, como das hidrelétricas, o acionamento dessas usinas  gera custos maiores para os consumidores de energia.

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