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Tesouro Direto passa a render mais com aumento de risco fiscal. Vale a pena investir agora?

Em meio a temores sobre a situação fiscal do país, governo eleva o retorno de títulos do Tesouro Direito para atrair investidores.

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Nesta semana, indicações do governo de que pretende contornar o teto de gastos para custear o Auxílio Brasil de R$ 400 movimentaram o mercado. Para elevar o benefício pago pelo substituto do Bolsa Família, seria necessário um gasto extra na casa dos R$ 30 bilhões.

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Após o anúncio, o Ibovespa futuro fechou a quarta-feira, 20, com queda de quase 2%. O DI para janeiro de 2023 disparou 38 pontos-base (para 10,54%), enquanto o DI para janeiro de 2025 cresceu 36 pontos-base (para 11,5%). Já o DI para janeiro de 2027 avançou 33 pontos-base, a 11,81%.

O principal índice da Bolsa brasileira continuou amargando queda na quinta-feira, com recuo de quase 3%. A resposta no dólar veio em forma de alta a R$ 5,66, primeira vez acima do patamar de R$ 5,60 desde o dia 15 de abril.

Mas e o Tesouro Direto?

Com o temor dos investidores aumentando, o governo percebeu que precisa oferecer mais pelos títulos do Tesouro Direto. De quarta para quinta, a rentabilidade do Tesouro prefixado para 2024 subiu de 10,86% para 11,36%, ao passo o retorno do papel com vencimento em 2031 cresceu de 11,57% para 12,1%.

O Tesouro IPCA+ para 2026 elevou seu cupom de juros de 5,06% para 5,29%, enquanto a taxa do Tesouro IPCA+ 2055, que tem juros semestrais, foi de 5,29% para 5,55%.

Embora as taxas elevadas pareçam um excelente convite para aplicar dinheiro, existem riscos envolvidos no processo. Primeiro, é importante entender que o atual cenário pode ficar ainda pior.

“Flexibilizar o teto de gastos é perder a âncora fiscal do país, que foi o que permitiu ao Brasil sair de uma taxa de juros de 16% no ano do impeachment para menos de 5% antes da pandemia. O mercado vislumbrou que teríamos uma tendência de dívida pública em queda, e isso vai se perder”, explica Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research.

Vale a pena investir agora?

As taxas mais altas significam crédito mais caro e recuperação econômica mais difícil, mas para quem quer investir em Tesouro Direto, são uma boa notícia.

“Estamos no meio do furacão, mas o que dá para falar é que está ótimo para entrar. Até as taxas curtas estão boas, você consegue 11,20% para menos de três anos”, avalia Alkeos Saroglou, sócio da Alta Vista Investimentos.

“Para quem tem caixa, reservas, investimentos que se seguraram bem, o Tesouro está pagando muito bem pelo pouco risco que oferece”, a acrescenta.

Na opinião de Sandra Blanco, economista-chefe da Órama Investimentos, o importante é diversificar. “Não dá para concentrar todos os ovos na mesma cesta. Para horizontes mais longos, vá de Tesouro IPCA com pagamento de juros semestrais. Já para [vencimentos em] 2024 e 2026, é melhor ir de Prefixado”, recomenda.

Fontes não acredita que a entrada no Tesouro Direto neste momento seja uma boa ideia, e afirma que o investidor deve “ficar bem fora dos juros longos brasileiros até entender qual será a política macroeconômica adotada nos próximos 4 ou 8 anos”.

“Eu ficaria fora, a não ser dos pós-fixados. O Tesouro Selic é o Tesouro do momento, você não corre o risco de marcação a mercado negativa [que corre nos prefixados e nos indexados ao IPCA]”, completa.

Jornalista graduada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), integra o time VS3 Digital desde 2016. Apaixonada por redação jornalística, também atuou em projetos audiovisuais durante seu intercâmbio no Instituto Politécnico do Porto (IPP).

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