Economia
Usinas passam a produzir mais açúcar após corte de imposto do etanol
Devido à queda do lucro com os biocombustíveis, as usinas estão focando mais na produção de açúcar. O que pode acontecer?
Com o corte dos impostos sobre os combustíveis aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro, uma mudança nos esforços das usinas surgiu. Devido à queda do lucro com os biocombustíveis, elas estão focando mais na produção de açúcar.
O etanol de cana teve uma enorme queda no lucro, se comparado com o do açúcar. De acordo com os especialistas, as usinas que conseguem produzir os dois passarão a aumentar suas produções de açúcar o máximo que puderem, para não acabar tendo mais prejuízos.
“As usinas já estão tendo prejuízos com a venda de etanol, por que continuariam a produzi-lo?”, questiona Julio Maria Borges, analista brasileiro da JOB Economia.
Se o Brasil aumentar a produção de açúcar, a oferta global do produto aumentará, podendo causar queda nos preços do adoçante, e um risco para os produtores do exterior. Portanto, o corte drástico na produção de etanol pode ser perigoso para o comércio exterior.
Essa desvalorização do etanol acontece devido ao cancelamento temporário dos impostos federais sobre os combustíveis, o que acaba diminuindo a vantagem de preço nas bombas. Para os clientes, essa medida tem sido muito boa, porém para os produtores não é nada lucrativo.
Para decidir qual estratégia tomar, os produtores estão verificando constantemente o retorno financeiro da produção e também da paridade do etanol. O preço bruto do açúcar também tem sido monitorado, para que a escolha seja feita com inteligência e segurança.
“A paridade do etanol já está em 13,70 centavos por libra, que outros danos podem ser causados?”, perguntou o diretor administrativo da Paragon Global Markets, Michael McDougall.
Na última segunda-feira (12), o açúcar na ICE fechou a 18,35 centavos de dólar por libra-peso. Esse valor corresponde a um percentual 35% maior que o do etanol no país.
Mas, embora o valor do açúcar esteja mais vantajoso para o produtor, há uma certa limitação para a produção, já que estamos em um período de pico de colheita.
De acordo com Claudiu Covrig, da Covrig Analytics, essa mudança de produção para o açúcar deve acontecer de forma gradual, ao ponto que os volumes de moagem passem a diminuir. Além disso, o etanol disponível nas usinas tem de ser utilizado.
Em 2006 houve a maior destinação de cana para a produção de açúcar, somando mais de 49% destinados a este fim. Já em 2019 foi registrada a menor produção destinada ao açúcar, totalizando 44,7%.
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