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Economia

Descolamento grande em preços a produtores e consumidores ocorreu, e deve gerar repasse a IPCA, diz BC

Diferença registrada em agosto foi a maior desde 2003 considerando variações em trimestres móveis.

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Um descolamento grande entre a inflação ao produtor (IPA), mais alta, e ao consumidor (IPCA), mais baixa, foi assumida pelo Banco Central nesta quinta-feira, com a diferença registrada em agosto tendo sido a maior desde 2003 levando em conta variações em trimestres móveis.

A autoridade monetária sinalizou que deverá haver algum repasse ao IPCA à frente.

Em coletiva de imprensa, o diretor de Política Econômica do BC Fabio Kanczuk afirmou que está ocorrendo muita divergência entre os dois índices, criando interrogações sobre altas no IPCA.

“Pergunta é se IPCA está grávido do IPA, aumentos vão aparecer ou não?”, disse Kanczuk.

O diretor reafirmou o BC já havia afirmado em box publicado mais cedo no Relatório Trimestral de Inflação, que o avanço dos preços de combustíveis era parte importante do fenômeno.

“Daí não é questão de gravidez, são bens diferentes mesmo: IPA é combustível puro e IPCA considera margens do serviço ligadas a combustível puro”.

Mas ele pontuou que, tirando os combustíveis, faz sentido assumir que parte da alta do IPA vai sim para o IPCA.

“Tem a questão de ociosidade que determina um pouco o quanto será o repasse, mas repasse deve acontecer sim”, afirmou o diretor. “Resposta é que tem um pouco de gravidez”, acrescentou.

No boa do relatório, o BC analisou componentes similares nos dois índices, uma vez que o IPA puro não inclui serviços, mas abrange seja, minério de ferro e outros bens que são em grande parte exportados.

Nesse sentido, o banco central admitiu a presença de alguns itens com maior discrepância no terceiro trimestre, sendo eles combustíveis para veículos, leites e derivados, combustíveis domésticos (GLP) e veículos próprios.

“Destaca-se a grande influência de combustíveis para veículos, que contribuiu com -2,5 pontos percentuais para a diferença de -4,5 pontos percentuais entre IPCA-correspondente e IPA-correspondente”, afirmou.

Nos meses anteriores, o descolamento nos preços de combustíveis foi grande em sentido contrário, frisou a autoridade monetária.

“Tais discrepâncias podem advir de repasse incompleto – por exemplo, pelo fato de o preço ao produtor ser apenas uma parte do preço final ao consumidor –, de repasse defasado, ou mesmo de imperfeições no mapeamento. No caso de combustíveis para veículos, a primeira hipótese parece explicar a maior parte do descolamento”, disse o BC.

É possível que o movimento distinto do IPCA-correspondente e do IPA-correspondente cause efeito parcial de defasagem de repasse em determinados itens, segundo o BC. De qualquer forma, garantiu acreditar que as condições atuais da economia, com elevado grau de ociosidade, “podem contribuir para que o eventual repasse seja menor que o usual”.

A tendência é que o alerta quanto a repasses subsequentes para os consumidores surgido do salto da inflação ao produtor impulsione o IPCA a subir

Mas o BC reiterou, no texto desta quinta-feira, “diversas medidas de inflação subjacente permanecem abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta”, estabelecida pelo IPCA.

A meta de inflação para 2020 é de 4% pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

A autoridade monetária vê avanço do IPCA de 0,40% em setembro, de 0,30% em outubro e de 0,27% em novembro. No acumulado de doze meses, a inflação deve recuar de 2,85% em novembro para aproximadamente 2,1% em dezembro, “com o descarte da alta atipicamente elevada observada em dezembro de 2019, na esteira do choque nos preços das carnes”.

 

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