Investimentos
O futuro é dos robôs? Gestoras de fundos tradicionais testam técnicas quantitativas
Fundos quantitativos têm se tornado comum, ainda que poucos em comparação à indústria total.
A cada dia cresce a quantidade de gestoras tradicionais que utilizam fundos quantitativos, ou seja, robôs para previsão de futuro dos ativos. Vista antes como ato de loucura, a técnica tem sido comum, além de existirem grupos de estudo com esse enfoque e lançamento de fundos que utilizam dessas estratégias para competição com casas especializadas. Porém, eles ainda são poucos se comparados à indústria total.
Um exemplo é a Mauá Capital, lançada no final de 2019, com o fundo Machine-D, nas estratégias sistemáticas. O sócio da empresa e gestor do fundo, Alessandro del Drago, alega que não tem como fugir dessa direção, sendo uma perspectiva global. “A maioria dos lançamentos de novos fundos hoje em dia faz uso de tecnologia de inteligência artificial no processo de decisão”, destaca. “E quem não fizer uso vai ficar para trás”, acrescenta.
No final do ano passado, a Garde integrou a estratégia quantitativa em um fundo multimercado, mas com apenas 20% sistemático. Os protótipos tiveram início na gestora em 2017. “À medida que o tempo vai passando, a gente tem que se modernizar para trazer outras fontes de retorno para os produtos. É sempre bom olhar o que acontece ao redor do mundo e não depender apenas do julgamento das pessoas”, afirma o CEO da Garde, Marcelo Giufrida. Além disso, é plano da empresa conceber um fundo 100% quantitativo.
Já a gestora Rio Bravo criou um grupo para estudar e testar técnicas quantitativas em 2014, lançando seu primeiro e exclusivo fundo quantitativo em 2015. “Prezamos pela interdisciplinaridade. Olhar algoritmos sempre gera ideias”, alega o diretor de renda fixa e multimercados da Rio Bravo, Evandro Buccini.
A gestora Quantamental, que iniciou neste ano e é especializada em fundos quantitativos, impulsionou um desafio para premiação de universitários que desenvolvessem essas estratégias. Os discentes apresentaram os estudos para banca composta por executivos de gestoras brasileiras, de fundos quantitativos e não quantitativos, cujo interesse é a implementação da técnica nos seus negócios.
Independente do tipo de fundo de investimento, as habilidades requisitadas dos gestores já se modificaram e devem sofrer mais alterações. “Hoje, 90% das informações disponíveis foram feitas nos últimos 12 meses. Antes, o gestor lia os jornais e estava bem informado. Hoje, o ser humano não consegue mais processar toda a quantidade de informação disponível. E em menos de um minuto fica sabendo pelo Twitter o que aconteceu”, afirma o sócio-fundador da Giant Steps Capital, Flavio Terni. Assim, ele considera que a nomenclatura “fundo quantitativo” deixará de existir no futuro, já que todos os fundos farão uso de recursos tecnológicos.
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