Segredo Revelado: Plantas Também “Gritam” Quando Estressadas!

Visualize um ambiente onde os seres vegetais têm a capacidade de “se comunicar” e expressar suas emoções, particularmente quando enfrentam desafios. Soa como um enredo de ficção científica, certo? Na verdade, um estudo recente mostrou que algumas espécies de plantas emitem “chiados ultrassônicos” quando estão sob situações estressantes que ameaçam suas vidas.

Esses barulhos, inaudíveis para os seres humanos, fornecem informações sobre o estado atual do vegetal, o que pode mudar radicalmente nossa visão sobre o reino das plantas.

Até então, acreditávamos que as plantas eram praticamente silenciosas. No entanto, essa investigação – disponível no servidor de pré-publicação bioRxiv – aponta o oposto. Apesar de não ter sido divulgada em um periódico científico ou validada por revisores, a pesquisa amplia nosso conhecimento sobre a evolução e ecologia vegetal. Já era sabido que estresses decorrentes de variações de temperatura e iluminação, ou mesmo ataques de herbívoros, podem modificar o fenótipo das plantas (cor, odor e formato).

Além disso, descobriu-se que vegetais estressados liberam compostos orgânicos voláteis. A fim de verificar se produzem ruídos audíveis, cientistas da Universidade de Tel Aviv registraram espécimes de tomateiro e tabaco em condições de conforto, desidratação ou com caules seccionados, utilizando microfones sintonizados em uma frequência ultrassônica entre 20 e 150 kHz.

Os achados? Plantas sob tensão emitiram consideravelmente mais ruídos do que aquelas do grupo controle confortável. Não apenas eram mais ruidosas, mas também produziam sons distintos conforme a situação, revelando seu estado fisiológico. Um algoritmo de aprendizado de máquina conseguiu até mesmo diferenciar os ruídos vegetais do barulho ambiente, determinando se uma planta estava desidratada ou sofrendo cortes.

Talvez se questione como os vegetais conseguem produzir sons sem as cordas vocais. Os cientistas acreditam que isso ocorre devido a um mecanismo interno denominado cavitação. Nesse fenômeno, bolhas de ar se formam e estouram no xilema da planta. Embora estudos anteriores indicassem que a cavitação gera vibrações, ela não havia sido associada à emissão de sons.

De forma interessante, esses ruídos podiam ser detectados a uma distância de até 5 metros. Os pesquisadores supõem que seres com audição aguçada, como camundongos e mariposas, possam captar e decodificar esses sons.

Foto/ Reprodução: shutterstock

Tal descoberta abre um leque de possibilidades para compreender como os vegetais interagem com seu entorno, especialmente no âmbito agrícola. Monitorar os ruídos das plantas pode nos auxiliar a identificar quando elas necessitam de água, poupando recursos e potencializando a produtividade no futuro. Portanto, da próxima vez que pensar que as plantas estão inertes e silenciosas, lembre-se de que elas podem, na verdade, estar “comunicando-se” conosco e entre si de uma forma ultrassônica peculiar.

Essa nova perspectiva sobre a comunicação das plantas também pode levar a inovações tecnológicas que melhorem a detecção e interpretação desses sons. Com o desenvolvimento de dispositivos específicos, seremos capazes de coletar informações valiosas sobre as necessidades e condições das plantas, otimizando as práticas agrícolas.

Além disso, esse conhecimento pode impulsionar a criação de sistemas de defesa contra pragas e doenças, já que compreender os sinais sonoros das plantas pode nos ajudar a identificar situações de estresse e agir de forma mais eficiente no controle de problemas que afetam as colheitas.

Estudos futuros nessa área podem ainda revelar se as plantas são capazes de “escutar” e reagir aos sons emitidos por outras plantas, o que proporcionaria uma melhor compreensão das interações entre diferentes espécies e seu ambiente. Isso poderia ter implicações importantes para a preservação da biodiversidade e equilíbrio dos ecossistemas.

Em suma, a descoberta de que as plantas podem emitir sons ultrassônicos em situações de estresse expande significativamente nosso entendimento sobre o reino vegetal e suas interações com o meio ambiente. Essa nova perspectiva nos aproxima de um futuro mais sustentável e eficiente no que diz respeito à agricultura e conservação da natureza, demonstrando que as plantas têm muito mais a “dizer” do que jamais imaginamos.