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Economia

Calor forte e déficit hídrico afetam floradas dos cafezais, dizem especialistas

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Seis meses de tempo seco nas principais regiões produtoras de café arábica do Brasil e chuvas abaixo do necessário, após floradas em setembro e início de outubro, são alguns dos fatores que vão reduzir a produtividade das lavouras que serão colhidas em 2021, disseram especialistas nesta terça-feira.

Em seminário online realizado pela cooperativa Cooxupé, agrônomos e professores chamaram a atenção para o problema climático iniciado em abril que causou severo desfolhamento dos cafezais, o que reduz a capacidade das lavouras resistirem ao déficit hídrico, que atingiu patamares históricos em várias regiões.

A situação climática vem sendo citada no mercado cafeeiro como um problema adicional para a colheita em 2021, quando o Brasil estará no ano de baixa do ciclo bianual do arábica, após uma produção abundante em 2020.

Os especialistas evitaram fazer projeções sobre as perdas, dizendo ainda que elas dependerão da intensificação das chuvas esperadas para a próxima semana e também da umidade no primeiro trimestre do ano que vem.

“Perdas para a próxima safra brasileira de café já existem. Resta saber quanto e até quando as estruturas de defesas do (parque) cafeeiro podem amenizar e estancar as perdas para 2021”, disse o professor doutor José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (MG).

Ele disse que o pegamento da florada depende basicamente de dois fatores: a situação das lavouras e o clima. Segundo Alves, antes, durante e depois das floradas as condições não estavam favoráveis.

O professor doutor Paulo César Sentelhas, da Esalq/USP, concordou que as quebras de produtividade esperadas são decorrentes do déficit hídrico elevado, que resultou em queda das folhas, impactando também a formação dos ramos e o pegamento das flores.

“A expectativa é de que as chuvas retornem entre o final de outubro e novembro, melhorando as condições para a cultura. No entanto, até o estabelecimento da estação chuvosa, a deficiência hídrica deverá continuar afetando a construção da próxima produtividade”, afirmou Sentelhas.

O agrônomo, cooperado da Cooxupé e consultor Guy Carvalho disse não ter imaginado que uma florada pudesse ocorrer em período de temperaturas tão elevadas e com baixas reservas de água no solo.

“Mesmo lavouras boas apresentaram grande desfolha de agosto para cá”, apontou ele, citando um quadro “irreversível” para muitas áreas, o que preocupa para a temporada seguinte.

“Mesmo se as chuvas normalizarem, o que a planta penalizou não volta mais. Tudo indica que teremos perdas para a próxima safra”, disse.

O engenheiro agrônomo e coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro Santos, destacou que houve seis meses de chuvas abaixo da média histórica até setembro e “isso trouxe consequências”.

Ele disse que floradas de média intensidade ocorreram no inicio de setembro, após algumas chuvas em agosto, e depois houve um florescimento mais generalizado entre 29 de setembro e 3 de outubro, após chuvas no final de setembro.

Contudo, acrescentou, essa florada ocorreu em condição muito adversa.

“Esse florescimento de alta intensidade ocorreu em condições de temperaturas máximas muito elevadas em setembro, e continuaram extremamente elevadas nos primeiros dias de outubro”, afirmou ele. “Diante de todas essas evidências, fica a pergunta: como ficará a safra de 2021?”.

 

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