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Guaraná Jesus: o sabor divino criado por um ateu e sua história
Quem diria, esta é uma das grandes ironias: aquele que criou o famosíssimo refrigerante brasileiro Guaraná Jesus é ateu! Sabia dessa?
Até 2016, o refrigerante Guaraná Jesus era vendido somente em alguns estados do Nordeste. Porém, nos últimos anos, tornou-se popular em todo o país. O interessante é que o criador dessa bebida adorada é um ateu.
Nascido em 1891, em Vitória do Mearim, no interior do Maranhão, Jesus Norberto Gomes se mudou para a capital aos 14 anos, em busca de oportunidades de emprego.
Conseguiu um emprego na Farmácia Marques, onde aprendeu muito, principalmente sobre farmacologia e negócios. Assim, aos 20 anos batalhou para conseguir abrir sua própria farmácia. Utilizando tudo o que havia conquistado nos últimos anos, ele abriu a Farmácia Galvão, que foi a responsável por consolidá-lo como um empresário.
Foi em sua própria farmácia que ele começou seus experimentos, criando diversos novos produtos que, no nome, já o homenageavam, afinal, ele foi o criador. Surgiram, então, os seguintes produtos: Xarope Peitoral Jesus, Antigripal Jesus, Jesulina Paste Dentifrícia e também o aclamado Guaraná Jesus.
É importante lembrar que, na época, era muito comum encontrar refrigerantes à venda em farmácias, logo, o guaraná já tinha espaço nas prateleiras do local.
É claro que a invenção não deu certo de primeira, e o sabor era considerado amargo para os clientes. Mas Jesus Norberto não desistiu por aí. Com mais algumas alterações e uma receita completamente feita à base de extratos vegetais, o Guaraná Jesus nasceu, após finalmente ser aprovado pelos netos do inventor.
E foi sucesso certo! A bebida não demorou muito para ser tão falada quanto a fama de seu criador, que circulava por aí que até mesmo era comunista.
Foi devido a esses comentários que, em novembro de 1935, devido à Intentona Comunista, Jesus Norberto foi preso e levado junto a outras 80 pessoas para o Rio de Janeiro, onde ficou até o ano seguinte.
Fábio Gomes, que é neto do inventor, em uma entrevista a Revista Piauí, no ano de 2007, contou que o avô deixou em uma carta-testamento, escrita em 1958, que gostaria de um funeral simples e modesto e que o valor que restasse fosse doado ao Partido Comunista.
Jesus Norberto contava que não era socialista, e sim um idealista. No documento deixado por ele, constava a seguinte declaração:
“E como pequeno-burguês tenho defeitos, mas sou admirador sincero desse regime verdadeiramente humano, onde pode ser obtida verdadeira democracia.”
Jesus Norberto morreu em 1963 e a família vendeu o Guaraná Jesus para a Companhia Maranhense de Refrigerantes, que na época era franqueada pela Coca-Cola. A Coca-Cola Brasil adquiriu oficialmente o refrigerante apenas em 2001.
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