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BC admite que ‘expectativas de inflação se deterioraram’ após eleição presidencial
Em evento nos EUA, Campos Neto observou que pressões inflacionárias persistem devido à demanda aquecida
As expectativas de inflação, que estavam ‘ancoradas’ em 2022, desde novembro – coincidência ou não, logo após o resultado eleitoral que guindou novamente o petista ao Planalto – se ‘deterioraram’. A afirmação foi feita, nesta quarta-feira (12) pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento restrito com investidores, organizado pela XP, em Washington, capital dos EUA. Tal deterioração, acrescenta o ‘xerife do real’, decorreria de pressões inflacionárias, por sua vez, causadas por uma demanda ‘relativamente forte’, apesar do recente recuo dos índices de inflação.
A declaração de Campos Neto está em linha com as projeções do mercado financeiro em relação aos indicadores econômicos, as quais mostram que as ‘expectativas de inflação continuam piorando’, inclusive, em ‘horizontes mais longos’. Exemplo disso é que, para 2024, a estimativa para o IPCA (índice oficial de inflação) saltou de 4,02%, há um mês, para 4,14%, nesta semana. De igual forma, a previsão inflacionária para 2025 subiu de 3,8% para 4%.
Entre as ‘sequelas’ do aperto monetário produzido pelo BC (e a, até agora, imexível Selic no estratosférico nível de 13,75% ao ano), Campos Neto admitiu o ‘arrefecimento’ do mercado de trabalho, desaceleração das operações de crédito e priorização de empréstimos para categorias de ‘alto custo’ – o que deve elevar os índices de inadimplência.
Ao mesmo tempo, o dirigente da autoridade monetária comentou a mudança de expectativa dos agentes do mercado (que, no período de novembro passado a janeiro último, esperavam novas altas da Selic), mas que agora projetam em seis meses o tempo necessário para o corte da taxa básica.
Questionado, em outro evento internacional, se a redução da Selic poderia ocorrer, já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), Campos Neto pegou emprestado uma expressão do ex-secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, para responder, em inglês: “Você controla as perguntas e eu as respostas”, esquivou-se, justificando que não poderia antecipar a decisão do colegiado do BC, mas ressaltou que este “trabalha para combater a inflação ao menor custo possível à sociedade”. Em crítica indireta aos ataques proferidos pelo Executivo, o dirigente acentuou que o Copom “é um órgão técnico e que fica preocupado quando tentam politizar o BC com narrativas não verdadeiras”, disparou.
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