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Política

Presidente defende taxação dos super-ricos em evento no exterior

Coalizão Global para a Justiça Social.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ontem, que o bem-estar da população está intrinsicamente ligado ao compromisso com a preservação do meio ambiente e destacou a importância da relação entre capital e trabalho para reduzir as desigualdades sociais. Lula discursou na sessão de encerramento do fórum inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social, realizada durante a 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, Suíça.

Lula enfatizou a relevância da OIT diante dos desafios atuais e a necessidade de melhorar a qualidade do trabalho no mundo. Ele co-presidirá a coalizão ao lado do diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo.

“Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade. Por isso, aceitei o convite do diretor-geral Gilbert para co-presidir a Coalizão Global para a Justiça Social. Ela será instrumental para implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O ODS 8 sobre Trabalho Decente para Todos não está avançando na velocidade e na escala necessárias para o cumprimento de seus indicadores”, afirmou Lula, ressaltando que “a informalidade, a precarização e a pobreza são persistentes”.

Taxação dos super-ricos

Lula destacou que o número de pessoas em empregos informais aumentou de aproximadamente 1,7 bilhão em 2005 para 2 bilhões em 2024. “A renda do trabalho continua caindo para os menos escolarizados. As novas gerações não encontram espaço no mercado. Muitos não estudam nem trabalham, e há elevado desalento. Quase 215 milhões de pessoas, mais do que a população do Brasil, vivem em extrema pobreza, mesmo estando empregadas. As desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e origem geográfica agravam esse cenário”, apontou.

Lula enfatizou a importância da relação entre capital e trabalho para mitigar as desigualdades sociais e a necessidade urgente de recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento. “A mão invisível do mercado só agrava desigualdades. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo aumento dos salários, gerando insatisfação e polarização. Não se pode discutir economia e finanças sem discutir emprego e renda. Precisamos de uma nova globalização, uma globalização de face humana”, disse.

Ele também defendeu a taxação dos super-ricos, destacando que a justiça social e a luta contra as desigualdades são prioridades da presidência brasileira no G20. “Estamos discutindo como promover uma transição justa e utilizar as tecnologias emergentes para melhorar o universo laboral. Nossa iniciativa prioritária, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, busca acelerar os esforços para eliminar essas chagas. O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20”, afirmou.

Transição ecológica e digital

Lula salientou que o bem-estar dos cidadãos está diretamente ligado ao compromisso com a preservação do meio ambiente. “As florestas tropicais não são santuários para o deleite da elite global, tampouco podem ser tratadas como depósitos de riquezas a serem exportadas. Debaixo de cada árvore vivem trabalhadores que precisam de emprego e renda. A sociobioeconomia, a industrialização verde e as energias renováveis são grandes oportunidades para ampliar o bem-estar coletivo e efetivar a transição justa que defendemos”, disse, enfatizando que a transição ecológica deve ser pensada junto com a transição digital.

“Ações e políticas voltadas para o desenvolvimento de habilidades digitais e sustentáveis serão fundamentais em uma economia global cada vez mais descarbonizada e intensiva em tecnologia. A inteligência artificial transformará radicalmente nosso modo de vida. Teremos que atuar para que seus benefícios cheguem a todos e não apenas aos mesmos países que sempre ficam com a melhor parte. Do contrário, tenderá a reforçar vieses e hierarquias geopolíticas, culturais, sociais e de gênero”, afirmou.

Importância da coalizão

O presidente destacou a importância do lançamento da coalizão e defendeu uma participação mais igualitária dos países em desenvolvimento nos organismos de governança global. “A coalizão que estamos lançando hoje será uma ferramenta central para construir uma transição com justiça social, trabalho decente e igualdade. Isso será particularmente importante neste contexto de transição para uma ordem multipolar, que exigirá mudanças profundas nas instituições. Por isso, o Brasil vai trabalhar pela ratificação da Emenda de 1986 à Constituição da OIT, que propõe eliminar os assentos permanentes dos países mais industrializados no conselho da organização”, disse.

“Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente”, concluiu o presidente.

Coalizão Global

Lançada no ano passado, a Coalizão Global pela Justiça Social já conta com mais de 250 membros, incluindo governos, organizações de trabalhadores e empregadores, organizações multilaterais e nacionais, instituições financeiras, organizações acadêmicas e ONGs internacionais. A Conferência Internacional do Trabalho, reunião anual dos 187 Estados-membros da OIT, ocorre de 3 a 14 de junho. A delegação brasileira inclui integrantes do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de representantes da sociedade civil e sindicatos de trabalhadores e empresas. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, juntou-se a eles na segunda-feira (10).

(Com Agência Brasil).

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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