Economia
Com queimadas, preços dos alimentos disparam; veja os mais afetados
Desmatamentos que assolam o Brasil forçam reajustes relativos à alimentação.
A grave seca que assola o Brasil já é considerada a pior dos últimos 70 anos, segundo uma matéria do Infomoney veiculada na última semana, e colabora para intensificar as queimadas no país, fato que desequilibra, de forma significativa, a produção de alimentos.
A situação pressiona cada vez mais os preços e impacta diretamente o bolso do consumidor, juntamente com o risco de piora da inflação.
Como a agricultura é um setor sensível às variações climáticas, sofre com a redução das áreas cultivadas e a perda de produtividade.
A caráter de exemplificação, segundo o IBGE, a projeção de colheita de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2024, por exemplo, indica uma queda de 6% em comparação ao ano anterior.
Essa redução na oferta, aliada ao aumento da demanda, impulsiona para cima os preços dos alimentos no país.
Cenário agricultor brasileiro sofre consequências das queimadas no país – Imagem: Yngstrom/Shutterstock
Crise hídrica, queimadas e piora da inflação
A falta de chuvas tem intensificado as queimadas em diversas regiões do Brasil, o que compromete vastas áreas de cultivo e pastagens.
Somente no mês de agosto de 2024, 963 municípios constataram, pelo menos, 80% de áreas agroprodutivas afetadas pelas queimadas de forma significativa, de acordo com o Índice Integrado de Seca (IIS).
Essa combinação de fatores tem desencadeado uma série de consequências para a produção de alimentos, como:
- Redução da produtividade: as condições climáticas adversas afetam diretamente o desenvolvimento das plantas, reduzem o rendimento das culturas e comprometem a qualidade dos produtos;
- Aumento dos custos de produção: os produtores rurais precisam investir mais em insumos, como fertilizantes e irrigação, para tentar minimizar os impactos da seca. Além disso, o custo de transporte dos produtos também pode aumentar devido às condições das rodovias e à menor disponibilidade de água para a navegação;
- Perda de áreas cultiváveis: as queimadas destroem as áreas de cultivo, reduzem a oferta de alimentos e pressionam os aumentos.
Preços dos alimentos disparam; veja quais mais encarecem
A redução da oferta de alimentos, combinada com o aumento da demanda, pode aumentar os preços ao consumidor.
Diversos produtos da cesta básica podem ser afetados por essa crise, como:
- Carnes: a falta de pastagens e a alta nos preços dos grãos utilizados na alimentação animal têm levado ao aumento dos preços da carne bovina, suína e de frango. Segundo informações do Cepea, nos 10 primeiros dias do mês houve alta de 3,1% no indicador CEPEA/B3, que teve um salto de R$ 239,75 para R$ 247,20;
- Grãos: a produção de soja e milho, essenciais para a alimentação animal e para a indústria, tem sido significativamente impactada pela seca. Segundo o IBGE, a soja foi uma das culturas mais afetadas, com colheita estimada em 145,3 milhões de toneladas, com queda de 4,4%, em relação ao ano passado. Já o milho, acumula queda de 11%;
- Leite e derivados: a redução da produção de leite, devido à falta de pastagem e à alta nos custos, tem levado ao aumento dos valores dos laticínios. Os pecuaristas se preocupam com o cenário desde janeiro de 2024 e, até então, o preço do leite acumulou o valor real de R$ 32,1%;
- Frutas e hortaliças: a seca e as queimadas também afetam a produção de frutas e hortaliças, e podem elevar os preços desses produtos. O preço dos alimentos só será mantido caso a próxima safra seja preservada e supra a necessidade do mercado;
- Açúcar e etanol: a produção de cana-de-açúcar, principal matéria-prima para a produção de açúcar e etanol, tem sido reduzida e, de acordo com informações do Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção em 2024 foi estimada em 442,8 milhões – a maior queda na capital paulista, que pode levar à alta significativa nos preços.
Conta de luz também deve ficar mais cara
A crise hídrica também impacta diretamente a geração de energia elétrica. A menor disponibilidade de água nos reservatórios hidrelétricos tem levado ao acionamento de usinas térmicas mais caras, o que resulta em um aumento nas tarifas de energia elétrica.
Esse aumento de custo é repassado para toda a cadeia produtiva, eleva os custos de produção e, consequentemente, os preços dos produtos.
No mês de setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sancionou o acionamento da bandeira vermelha 2.
As estimativas são que os preços superem R$ 200/MWh até dezembro de 2024 e se mantenham altas para 2025.
*Com informações de Infomoney, IBGE e Aneel.
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