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Venda de íris? Projeto global atrai brasileiros com pagamento em criptomoeda

Longas filas em São Paulo chamam atenção para o World ID, projeto que escaneia a íris de voluntários em troca de criptomoedas.

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Nos últimos dias, vídeos de longas filas em São Paulo viralizaram nas redes sociais, mostrando brasileiros em busca de uma oportunidade incomum: vender o escaneamento da íris por R$ 700.

O fenômeno faz parte do World ID, projeto desenvolvido por Alex Blania e Sam Altman, CEO da OpenAI, que tem como objetivo criar um “passaporte de humanidade”.

A proposta da iniciativa é diferenciar humanos de robôs e inteligências artificiais, garantindo mais segurança digital. Como incentivo, os participantes recebem recompensas em worldcoins, a criptomoeda nativa do projeto.

A novidade atraiu milhares de pessoas, especialmente em economias emergentes como Brasil e Argentina. No país, já são mais de 100 mil usuários registrados em menos de dois meses.

Como funciona o escaneamento da íris?

íris
O World ID busca diferenciar humanos de robôs usando o escaneamento da íris para promover segurança digital na Web3. (Foto: Peshkova/Getty Images)

O cadastro é feito por meio do Orb, um dispositivo que escaneia a íris do usuário para gerar o World ID. Após o registro, os participantes recebem uma recompensa financeira em worldcoins. No momento, cada worldcoin equivale a US$ 2, e a criptomoeda ocupa uma posição de destaque entre as 75 mais valiosas do mundo.

O pagamento não é feito de uma só vez: parte do valor é liberada imediatamente após o escaneamento, enquanto o restante é distribuído ao longo de um ano. A empresa responsável pelo projeto, Tools for Humanity, afirma que não se trata de uma venda da íris, mas sim de um sistema de engajamento baseado em recompensas.

Apesar do sucesso, a iniciativa tem sido alvo de críticas e questionamentos, principalmente em relação à privacidade. Afinal, conceder o escaneamento da íris para uma plataforma global levanta preocupações sobre armazenamento e uso dos dados biométricos.

Proibição e preocupações com privacidade

Enquanto o projeto cresce no Brasil, em outros países as autoridades demonstram preocupação. No Quênia, o governo proibiu a coleta de novos usuários devido a dúvidas sobre a privacidade dos dados adquiridos. Na Espanha, a Suprema Corte baniu temporariamente a empresa em dezembro de 2024.

Os críticos do World ID questionam o uso a longo prazo das informações coletadas e temem possíveis vazamentos ou exploração comercial dos dados biométricos.

Por outro lado, os criadores do projeto defendem que a iniciativa faz parte da evolução da internet rumo à Web3, na qual os usuários seriam recompensados pelo compartilhamento de seus próprios dados.

Enquanto o debate segue, as filas continuam crescendo, atraindo milhares de brasileiros interessados na proposta — e, principalmente, no dinheiro oferecido.

Estudante de jornalismo, no segundo semestre. Trabalhei como redator na Velvet durante três anos.

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