Petrobras planeja estabelecer novas metas de médio prazo sobre emissões e sustentabilidade

A Petrobras pretende definir e divulgar em breve novas metas de médio prazo sobre emissões de carbono e sustentabilidade, plano que vem na esteira da criação uma gerência voltada para questões associadas a mudanças climáticas, disseram executivos da estatal.

A ação, realizada enquanto grandes petroleiras internacionais como BP, Shell e Equinor informam planos de longo prazo para zerar suas emissões líquidas de CO2, visa deixar claro para o mercado que a Petrobras está de olho no assunto e em sua ligação com o futuro de seus negócios.

“Sentimos que os investidores têm essa demanda de saber o que a Petrobras está fazendo, como estamos vendo esse mundo, essa agenda ESG (ambiental, social e governança). Então estamos olhando essa agenda também como uma agenda de oportunidades para nosso negócio”, disse Roberto Ardenghy, diretor-executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade.

A petroleira tem definido um conjunto de compromissos sobre gases do efeito estufa, como crescimento zero das emissões operacionais absolutas e redução na intensidade de carbono em sua área de exploração e produção, mas com metas principalmente para até 2025.

Agora, a companhia trabalha internamente para definir objetivos com um prazo maior, de modo a fornecer um horizonte melhor para os investidores, disse a gerente executiva que assumiu a área de mudança climática, Viviana Coelho.

“Não posso dizer exatamente quando vamos publicar, mas o conceito é sempre ter uma meta que enxerga um pouco mais além. A gente já começa a achar que o horizonte 2025 está um pouco curto para enxergar”, afirmou ela.

Coelho não forneceu detalhes sobre as metas, que segundo ela estão “no forno” e serão divulgadas assim que aprovadas pelo conselho de administração da companhia

Mas Petrobras, pontuou ela, não tem planos de traçar metas nesse sentido para um horizonte de prazo maior, embora petroleiras rivais tenham divulgado objetivos para até 2050.

“Nós não temos metas de longuíssimo prazo. É uma questão de filosofia da Petrobras… essas metas de muito longo prazo são muito condicionais, então as nossas são metas concretas de médio prazo”, disse Coelho.

A britânica BP, a norueguesa Equinor e a anglo-holandesa Shell definiram metas que visam zerar as emissões líquidas em 2050, ao passo que buscam também acelerar investimentos em energias renováveis por causa da expectativa de transição energética.

“Cada empresa vai tomar sua decisão de acordo com sua cultura, com seu portfólio de projetos. Nós temos, no Brasil, a vantagem de ter o petróleo do pré-sal que é um petróleo já com baixo teor de enxofre, ou seja, ele já tem uma vantagem competitiva de saída”, disse Ardenghy, chefe da diretoria que receberá a área de mudança climática na Petrobras.

Renováveis

A atuação da Petrobras na área de renováveis deve ser mais restrita do que a de petroleiras rivais, focando em atividades de pesquisa ou iniciativas nas quais a estatal considera que é a companhia mais competitiva, explicou a executiva.

“A Petrobras só vai se posicionar nessas oportunidades se ela entender que é o melhor ‘player'”, afirmou ela, explicando que a empresa tem se voltado para alternativas como chamado “diesel renovável”, feito com óleos vegetais.

A Petrobras também apostado em projetos de captura, uso e armazenamento de carbono, com objetivo de reinjetar aproximadamente 40 milhões de toneladas de CO2 com eles até 2025.