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Michael Klein: biografia do fundador do Grupo CB e herdeiro das Casas Bahia
Trajetória de um dos herdeiros das Casas Bahia.
Perfil de Michael Klein
Nome completo: | Michael Klein |
Ocupação: | Empresário |
Local de nascimento: | Munique, Alemanha |
Data de nascimento: | 27 de novembro de 1950 |
Fortuna: | R$ 5,7 bilhões (Forbes 2016) |
Um dos herdeiros das Casas Bahia, Michael Klein iniciou sua carreira no almoxarifado da empresa da família, com a função de gerenciar o controle de estoque das mercadorias.
Isso porque, aos 18 anos, o sr. Samuel Klein, pai de Michael, condicionou a entrega de um carro de passeio ao seu filho à ocupação de um cargo nos negócios da família.
Na ocasião, ofereceu-lhe duas chaves e as opções: ou as duas ou nenhuma. Ou seja, só ficaria com a do automóvel, se assumisse a da loja. O herdeiro não teve dúvidas e seguiu para cumprir sua missão.
De cargo em cargo, chegou a direção em 2005, lugar que dividia com seu irmão Saul. Mas essa parceria não levou muito tempo, pois os irmãos tinham ideias diferentes sobre a empresa.
Diante disso, Michael e Samuel, seu outro irmão, compraram as ações de Saul e seguiram para efetivar a fusão com o Ponto Frio, na época, liderada pelo grupo Pão de Açúcar. O contrato foi fechado em 2019, quando nascia a Via Varejo.
Mas o que deveria ser o negócio do ano no ramo do varejo de eletrodomésticos para o empresário Michael, acabou levando a Casas Bahia a um lugar secundário na megaempresa Via Varejo.
Diante disso, Klein pressionou Abílio Diniz, dono da Pão de Açúcar, a rever o contrato e ajustar algumas cláusulas. Mesmo depois disso, Michael não viu sua empresa crescer e, por isso, tirou uma parte do seu capital de Diniz.
Nesse momento, Michael precisou se reinventar e procurar novos investimentos para sobreviver como empresário no mundo dos negócios.
Novos passos
Diante da reviravolta, e depois de outra tentativa de negociação que, dessa vez, não teve sucesso, Klein acabou retirando boa parte do seu capital da Via Varejo.
Michael, então, resolveu investir no campo imobiliário, comprando imóveis, apesar de já ter muitos prédios alugados.
E já vislumbrou outro setor promissor: o da aviação executiva, que atua com aluguel de aeronaves para voos próximos.
Enquanto isso, a Via Varejo sofria perdas com crise financeiras dos principais acionistas: Grupo Cassino e Pão de Açúcar, controladores da megaempresa.
A decisão naquele momento foi abrir mão de uma cláusula conhecida como “Pílula Veneno”, um artigo que obrigava acionistas com mais de 20% a oferecer suas ações para sócios da própria empresa.
Essa foi a oportunidade que Michael Klein precisava para voltar a tomar as rédeas da empresa da sua família.
Assim, Klein acabou atuando de forma incisiva no destino das Casas Bahia, o que acabou lhe rendendo R$ 100 milhões, o que representa 1,6% do capital da companhia.
O negócio foi feito a partir da empresa B3, e acabou sendo efetivado por R$ 100 milhões, uma bagatela para quem esperava gastar R$ 500 milhões.
Com a saída do Grupo Cassino da jogada, enfim, a empresa estava novamente nas mãos da família Klein. Michael tornou-se acionista principal e presidente do Conselho da administração da empresa.
Mas ele ficou pouco tempo na função, passando o cargo para Raphael, seu filho.
Origem
Não fosse o momento turbulento que vivia a política boliviana, com a chegada da Ditadura Militar, a família Klein não teria chegado ao Brasil.
Afinal, essa era a segunda opção do casal Klein: o senhor Samuel e a senhora Ana, pais de Michael, Samuel e Ana. Eles se casaram na Alemanha, em 31 de dezembro de 1949, mas decidiram deixar a Europa que estava em decadência após as perdas causadas pelo governo nazista de Hitler.
O objetivo inicial era seguir para os Estados Unidos da América, mas o país não permitiu a entrada da família em seu território.
Resultado: queriam um lugar que, naquela época, estivesse em paz. Então, no caminho para a Bolívia, desembarcaram em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
De pai polonês e mãe alemã, Michael Klein nasceu na Alemanha em 1951, e ainda menino, cruzou as fronteiras brasileiras.
De origem judia, seu pai sofreu fortes perseguições e chegou a ser preso em dois campos de concentração. Um deles o Auschwitz-Birkenau, local onde o governo alemão matou mais judeus.
Seu Samuel Klein herdou a profissão de carpinteiro do avô de Michael, ofício que o fez se manter vivo por algum tempo na prisão. Mas foi uma distração dos guardas que possibilitou sua fuga do campo mais letal de todos.
Para encontrar ajuda, andou mais de 50 quilômetros a pé. Uma história triste e de muita coragem.
O começo da vida de comerciante
Depois disso, o patriarca se tornou um comerciante nato. Passando a trabalhar com venda de produtos para militares que ocupavam a Alemanha. Era assim que sustentava a família, quando ainda estava em território alemão.
Aqui no Brasil, passou a trabalhar como mascate, revendendo roupas de cama, mesa e banho de porta em porta, no bairro reduto de judeus e árabes, o Bom Retiro.
Enquanto o mundo juntava os frangalhos da segunda guerra mundial, e sofria nas mãos de governos fascistas, o Brasil vivia um exponencial processo de industrialização comandada por Juscelino Kubitschek.
Muitos jovens migravam de cidades do interior, especialmente, do Norte e Nordeste, para São Paulo, no intuito de trabalhar nas montadoras de automóveis.
Com as temperaturas baixas e inverno rigoroso, o senhor Samuel Klein não teve dúvidas, e passou a revender cobertores para os trabalhadores da indústria.
Casas Bahia
O nome surgiu, justamente, da clientela que atendia, os migrantes nordestinos. A loja começou com nome no singular e foi inaugurada em 1957, com o dinheiro poupado das vendas de cobertores.
A segunda loja, já batizada no plural, veio três anos depois. O chefe da família sempre foi reconhecido pela capacidade de negociar e como ele mesmo disse, comprava por 100 e vendia por 200.
Também tinha um olhar muito específico sobre as necessidades das classes C e D, comportamento que aprendeu a visualizar após sentir na pele as dificuldades que a guerra imprimiu à sua família, e todos os perrengues que vieram junto.
Ele percebeu ainda que aqueles trabalhadores costumavam pagar as dívidas como podiam, em parcelas, e pagavam em honra ao seu nome. Por isso, eram confiáveis.
Os produtos, então, eram vendidos para pagamento em pequenas parcelas que se arrastavam até o dia do salário. Esse tipo de venda já era feita desde os anos em que Samuel era mascate.
Anotava-se os valores em cadernos com data para cobrança. E foi assim que surgiu o carnê Casas Bahia, criando uma carteira de clientes fiéis, que nem sempre tinham crédito no mercado.
Foi dessa prática simples e rústica que as lojas dos Klein saíram na frente da concorrência e cresceram de forma considerável. Foi a primeira loja a colocar o foco no cliente.
Foco no Cliente
Apesar do trabalho do pai Klein, o slogan “Dedicação total a você” ainda não era prática em todas as filiais da loja que a essa altura, em 1970, já contava com sete lojas.
O negócio cresceu, e a caderneta de prestações foi ficando pequena para a quantidade de clientes que as lojas possuíam em sua carteira.
Por isso, a família contratou a Intervest que tinha como proposta elaborar e controlar os carnês de cobrança.
Enquanto isso, Sr. Klein ensinava aos filhos como investigar o crédito da clientela. No primeiro momento, apertava-lhe a mão e dizia acreditar nas informações passadas por ele como verdadeiras, mas fazia perguntas mais aprofundadas para verificar se eram realmente confiáveis.
Em 1971, o negócio ganhava mais uma marca, a primeira loja na cidade de São Paulo, em um bairro elegante, Pinheiros.
Pouco tempo depois, em 1972, chegou ao litoral paulista, mais precisamente à cidade de Santos.
Ao longo dos anos, as Casas Bahia foram comprando lojas menores e, com isso, acelerando o crescimento.
Em 1980, o grupo comprava 25 lojas da rede Columbia e 35 da Tamakavi. Também comprou a fábrica de móveis Bartira e Bela Vista.
Junto com esse crescimento vieram também consumidores mais exigentes, que deixavam de pagar a prestação dos móveis à medida que eles quebravam e apresentavam defeitos.
Diante disso, a empresa passou a vender produtos de marca e com maior qualidade, além de uma diversidade de materiais, que extrapolavam o eletrodoméstico e os setores de cama, mesa e banho.
Trajetória de Michael Klein
Entre a negociação com a Via Varejo e o desfecho mal sucedido da transação em que perdeu o comando da empresa da família, Michael foi se virando como podia.
Com as aeronaves da megaempresa, criou a CB Air, investindo na gestão de hangares e no fracionamento de aeronaves para o setor executivo.
Depois disso, Michael comprou a Global Aviation, criando a Icon Aviation, e agregou o Morro Vermelho ao seu grupo. Em 2002, a empresa contava com 19 aeronaves e já tinha acesso ao aeroporto de Congonhas-Santos Dumont.
Também investiu na CB Motors, que possui concessionária de veículos Mercedes-Benz, que se localiza no interior de São Paulo.
Mas foi em 2019 que surgiu a oportunidade que Michael esperava, o retorno da sua família ao mercado varejista.
Klein agiu como seu pai e esperou o momento certo para comprar de volta a empresa da família e com desconto. Isso aconteceu quando o grupo Pão de Açúcar resolveu colocar à disposição os pouco mais de 32% que ainda possuía na companhia.
Preparado para gastar até meio milhão de reais, usou apenas R$ 100 milhões para se tornar o acionista majoritário do grupo com 40% dos papéis. O restante ficou distribuído entres os outros.
De quebra, ele trouxe consigo fundos importantes: Squadra, Kapitalo, Truxt, JGP e a XP Asset.
O essencial, no entanto, era ter o controle do negócio da família, da empresa feita por seu pai a muito suor e trabalho.
Mudanças de gestão
Era as Casas Bahia de volta ao seio da família Klein. Assim que assumiu, ele fez várias mudanças de gestão, incluindo a volta de Roberto Fulcherberguer ao cargo de presidente, assim como nomes da concorrência, como Abel Ornelas, ex-diretor da Magazine Luiza, e Augusto França Leme da Whirlpool. Michael assumiu a presidência do conselho administrativo até que passou para seu filho Raphael, com quem continua até hoje.
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