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Risco leva investidor a estudar política nacional
Treta entre poderes, inflação alta e economia fraca turbinam interesse
A ameaça de ruptura institucional, pelo agravamento da tensão entre poderes, aumentou o interesse do investidor, em especial, estrangeiro, em entender os caminhos tortuosos da política nacional. Somado esse fator à desaceleração de uma economia com inflação em alta, às vésperas de um ano eleitoral, quem está disposto a aplicar seus recursos aqui se questiona: será que o Brasil vale o risco?
Precatórios à mesa – A pergunta se aplica, sobretudo, àqueles que desejam investir no país no longo prazo, em atividades produtivas, e não como capital especulativo, volátil e de curta duração. No momento, a questão dos precatórios é a que mais preocupa, do ponto de vista fiscal, seguido da ‘empacada’ agenda econômica das reformas no Congresso.
Fux fraco – Para o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, o saldo dos protestos da terça-feira (7) é muito negativo para a chamada agenda econômica, impondo novo adicional ao prêmio de risco dos ativos. Na sua avaliação, os últimos desdobramentos políticos tornaram mais improvável a ‘solução CNJ’ (Conselho Nacional de Justiça), entidade a quem caberia acompanhar o cumprimento da proposta do presidente do Supremo, Luiz Fux, que consiste em limitar os gastos anuais com pagamento dos precatórios, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Propostas desfavoráveis – Uma tensão muito grande, que é ruim para a agenda econômica, observa Weeks, a respeito da piora do quadro político e da possibilidade de surgirem propostas desfavoráveis aos negócios em bolsa, cuja principal motivação seria viabilizar programas sociais de cunho eleitoreiro, como o Bolsa Família, agora rebatizado de Auxílio Brasil.
Isolamento aumenta – Para a maior parte dos analistas, em vez de auferir ganhos, os ataques presidenciais só serviram para isolar ainda mais politicamente o presidente, turbinando o risco-país, enquanto aumenta a incerteza sobre soluções efetivas para a questão fiscal, a inflação e o crescimento econômico.
Longa incerteza – Num quadro de inflação elevada, avalia especialistas, o ambiente político tenso poderá pressionar o custo do crédito, em linha com a maior percepção de risco, elevação da taxa de juros e variações cambiais. A incerteza para investimentos de longo prazo é outro efeito negativo apontado pelo economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, para quem “esses desdobramentos provavelmente levarão a um prêmio de risco mais alto sobre os ativos brasileiros, elevando os rendimentos dos títulos públicos e pesando sobre a moeda”.
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