Exterior indefinido; IGP-M a 17,78% e greve de servidores movem Ibovespa de quarta

Na marcha batida para a ‘virada do ano’, um mercado de baixa liquidez apresenta desempenhos díspares. Enquanto as bolsas ocidentais registram alta (EUA e Europa), as orientais tombam, por conta da disseminação mais rápida da variante viral laboratorial ômicron no continente mais populoso do planeta (mais de 4 bilhões de pessoas).

Hora do Noel – Na penúltima sessão de 2021, o cenário azul estadunidense e europeu está mais relacionado a esse período final do ano, quando ocorre o rali do Papai Noel (“Santa Claus rally” em inglês) – que se estende até os dois primeiros dias de 2022 – em que o preço das ações das empresas locais é aumentado, com reflexos nos mercados globais. Na véspera (28), o Dow Jones ‘cravou’ o quinto dia seguido de ganhos, com alta superior a 90 pontos, ao passo que Standard and Poors (S&P) chegou próximo do recorde de um dia, enquanto o Nasdaq recuou 0,6%.

Aversão viral – Em contraponto, notícias que apontam 151 casos de covid-19 (e da variante ômicron?) na cidade chinesa de Xian, que está isolada do resto do país há sete dias, pelo menos, informou a agência britânica Reuters. Como reflexo, o índice Hang Seng (Hong Kong) fechou em baixa de 0,83% a 23.086,54 pontos; recuo de 0,91% a 3.597,00 pontos, da Bolsa de Xangai (China) e queda de 0,89% a 2.993,29 pontos, do índice Kospi (Coreia do Sul), esta ‘puxada’ pela retração de 1,42% da ação da sul-coreana Samsung Electronics, cuja produção de chips semicondutores foi afetada pelo repique pandêmico na região.

Injeção de liquidez – O viés negativo no Oriente predomina, a despeito dos esforços do governo de Pequim em manter aquecida a segunda maior economia mundial, por meio de injeções de liquidez de curto prazo no mercado local, por parte do banco central chinês.

Europa mista – Desempenho misto apresenta o ‘velho continente’, onde o Índice Stoxx 600 operava em ligeira alta de 0,28% a 494,86 pontos, com performances distintas, com destaque para o avanço de 1,01% do FTSE 100 (Reino Unido); alta pífia de 0,07% do CAC 40 (França) e queda do Dax (Alemanha) e do FTSE MIB (Itália), de 0,29% e 0,26%, respectivamente.

Sem novas restrições – A despeito do aparecimento de novos casos de covid-19 – não necessariamente da variante, o pequeno ômicron – na França (179 mil); Inglaterra (117 mil) e Espanha (17 mil), o premiê britânico, Boris Johnson, adiantou que o governo da rainha não pretende impor novas restrições de mobilidade ao país de Shakespeare e Isaac Newton.

Segundo maior da série – Na pátria brasilis, a notícia do dia, até o momento, é o salto do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) em 2021, que chegou a 17,78% (segunda maior elevação do índice, na série histórica) conforme indicou, nessa quarta-feira (29), a Fundação Getúlio Cargas (FGV), levando em conta a variação de 0,87% do índice neste mês, bem superior ao avanço de 0,02% registrado em novembro último.

Bovino é o vilão – Esse resultado foi ‘puxado’ pelos preços da carne bovina (alta de 11,69%); café (12,52%) e cana-de-açúcar (2,83%) – estes últimos acusaram elevações de 152,35% e 57,13%, respectivamente – de acordo com o coordenador dos Índices de Preços da fundação, André Braz.

Combustíveis pesam – Com peso ponderado de 60% na composição do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) cresceu 0,95% em dezembro, após cair 0,29%, no mês anterior, com maior influência do subgrupo ‘combustíveis para o consumo’. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que pesa 30% sobre o referido índice, a variação positiva foi de 0,84% em dezembro, pouco abaixo de 0,93% do mês anterior.

INCC menor – Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) – responsável por 10% na formação do IGP-M – subiu 0,30% este mês, bem abaixo da taxa de 0,71%, de novembro, com as maiores variações correspondendo, aos segmentos de materiais e equipamentos (1,23% para 0,48%), serviços (0,49% para 0,57%) e mão de obra (0,28% para 0,10%), de novembro para dezembro, respectivamente.

Leilão da Cedae – Além da assembleia, pela manhã, para deliberação de greve pelos servidores federais, a agenda do dia contempla o leilão da Cedae, nessa tarde (29), da concessão para prestação de serviços de água e esgoto do Bloco 3, que compreende a Zona Oeste do Rio de Janeiro e mais 20 municípios fluminenses, com lance mínimo de R$ 1,16 bilhão.

Contas públicas – Igualmente, no início da tarde, o Tesouro divulga dados sobre as contas públicas, com previsão do mercado de superávit primário de R$ 340 milhões, em novembro. Até o dia 17 último, o fluxo cambial tupiniquim era negativo em US$ 6,26 bilhões.

Petróleo cai – No campo das commodities, na Bolsa Mercantil de Nova York, os futuros do petróleo com vencimento em fevereiro de 2022 caíam 0,08%, negociados na entrega a US$ 75,92 por barril no momento da escrita, ao passo que o petróleo tipo Brent se mantinha estável a US$ 78,67 por barril, com spread de US$ 2,75 por barril nos contratos.

Minério recua – Afetado pelos cortes de produção de aço, determinados pelo governo de Pequim, o minério de ferro com teor de 62% de ferro foi negociado a US$ 118,30 a tonelada no porto chinês de Qingdao, o que representa um recuo de 0,95%, se comparado à sessão anterior, informou a publicação especializada “Fastmarkets MB”.

‘Declarações estapafúrdias’ – Reabrindo o ciclo de ‘declarações estapafúrdias infelizes’, destaque para aquela proferida pelo ministro Paulo ‘offshore’ Guedes, que comparou o eventual atendimento dos pleitos salariais por parte dos servidores públicos ao rompimento da barragem de Brumadinho (que teve centenas de vítimas), além de advertir que esses aumentos poderiam ter efeito devastador sobre a inflação, já em dois dígitos.

‘Agrado eleitoreiro’ – A amnésia ministerial providencial deixou de mencionar o ‘agrado’ eleitoreiro de seu chefe boquirroto, que destinou R$ 1,7 bilhão para reajustar os salários de profissionais de segurança, ignorando, em seguida, todas as demais categorias profissionais federais, agora em ‘pé de guerra’ contra o Executivo.

Covid cai de novo – No diário da Covid, a média móvel de mortes pela doença no país teve novo recuo, desta vez, de 30% (148), ante o patamar de 14 dias antes, informou o consórcio de veículos de imprensa.

Principais indicadores

Estados Unidos (Futuros)

Dow Jones, +0,13%.

S&P 500, +0,18%.

Nasdaq, +0,32%.

Ásia

Nikkei (Japão), -0,56% (fechado)

Shanghai SE (China), -0,91% (fechado).

Hang Seng Index (Hong Kong), -0,83% (fechado).

Kospi (Coreia do Sul), -0,89% (fechado).

Europa

FTSE 100 (Reino Unido), +1,01%.

Dax (Alemanha), -0,29%.

CAC 40 (França), +0,07%.

FTSE MIB (Itália), -0,26%.

Commodities

Petróleo WTI, -0,09%, a US$ 75,91 o barril.

Petróleo Brent, +0,13%, a US$ 79,04 o barril.

Minério de ferro, -1,92%, a 663 iuanes ou US$ 104,10 (Bolsa de Dalian – China).

Criptomoedas

Bitcoin, -2,52% a US$ 47.782,94 (cotação de 24 horas).