Ações, Units e ETF's
Fala de Powell; IPCA de 10,06% (2021) e recuo federal a veto pautam Ibovespa de terça
Discurso de presidente do Fed tensiona mercados; inflação ‘atropela’ meta e Refis volta ao MEI
A tensão crescente em torno do pronunciamento, na tarde dessa terça-feira (11), do ‘reconduzido’ Jerome Powell à presidência do Federal Reserve (Fed) sobre a política monetária da maior economia do planeta, não impediu que os índices futuros ianques, a princípio, permanecessem no azul (Dow Jones, +0,33%; S&P 500, +0,46%; Nasdaq, +0,69%).
Compasso de espera – A nova fala do xerife global deixa ‘em compasso de espera’ as bolsas mundiais, que ‘desceram a ladeira’ na véspera (10), por conta do avanço de 1,8% do rendimento dos títulos do Tesouro (t-notes), com vencimento em dez anos, num único dia, mais do que todo o ano passado (1,5%).
Postura mais rígida – A subida brusca do título federal ianque está sendo interpretada pelo mercado como um sinal evidente de que o Fed pretende adotar uma postura mais rígida com relação aos juros, tendo em vista combater a inflação local, mas com impactos globais imediatos.
Menor atratividade – Na economia real, a alta do rendimento dos t-notes tem o poder de reduzir a atratividade da renda variável, além de encarecer o custo de tomada de empréstimos. A sensibilidade do mercado ante o tema ‘juros’ ficou explicita com o recuo dos índices Dow Jones (-0,4%) e do S&P (-0,1%), enquanto o tecnológico Nasdaq obtinha alta inexpressiva de 0,05%.
Expectativa é de gradualismo – Ecoando a expectativa do mercado, o analista do banco JP Morgan, Marko Kolanovic, disse acreditar que a política monetária ianque deverá se pautar pelo ‘gradualismo’, de modo que “os ativos (do mercado de capitais) sejam capazes de lidar, em meio a um ambiente de forte recuperação cíclica (retomada econômica)”.
Mercado ianque forte – Na parte divulgada, previamente, de seu discurso, Powell justificou o aperto monetário devido à necessidade de ‘apoiar a economia’, num momento em que o ‘mercado de trabalho mostra sua força’, mas mantendo na mira o controle da inflação, a principal preocupação do ‘guardião do dólar’.
‘Resiliência americana’ – No paralelo, o presidente do Fed também acentua a importância do “desenvolvimento e disponibilidade vacinas”, sem contar a “resiliência americana”, que teriam “amortecido” os efeitos econômicos impostos pela pandemia, o que permitiu, agora, uma “recuperação historicamente forte”.
Desafios macroeconômicos – Por fim, o dirigente acrescenta que tal retomada, igualmente impôs desafios macroeconômicos que precisam ser enfrentados, a exemplo de desequilíbrios setoriais e gargalos persistentes de oferta e demanda, que pressionam os índices inflacionários. “Sabemos que a inflação alta cobra um preço, principalmente para aqueles menos capazes de arcar com os custos mais altos de bens essenciais como alimentação, moradia e transporte”, concluiu o xerife ianque.
Pressão deve continuar – Ao afirmar que o mercado ‘trabalha’ com a expectativa de que o repique dos juros deverá ocorrer em março próximo, e não em maio, o assessor da Golden Investimentos João Cruz, entende que a tendência é de que “bolsa, câmbio e juros locais continuarão pressionados ao longo dessa semana”.
Hipotecas nos EUA – Na agenda dos EUA, destaque para a divulgação de dados sobre juros de hipotecas, pedidos de refinanciamento hipotecário, além do índice do mercado hipotecário, pela Associação dos Banqueiros Hipotecários (MBA na sigla em inglês).
Ásia vermelha – Também tensas pela fala de Powell, as bolsas asiáticas, em sua maioria, encerraram a sessão de hoje (11) em baixa, com o Nikkei japonês recuando 0,9%; Hang Seng Index de Hong Kong caindo 0,03% e o Shanghai SE chinês, fechando em -0,73%. Única exceção para o Kospi sul-coreano, que subiu pífios 0,02%.
Europa, idem – Já no ‘velho continente’, o índice Stoxx 600 – formado pelas ações de 600 empresas dos principais setores de 17 países europeus – apresentava, no início da sessão, alta simples de 0,8% – beneficiado pelo setor de tecnologia – depois de cair 1,3% na véspera.
Minério e petróleo avançam – No terreno das commodities, tanto o petróleo (tipo WTI cresce 1,51%, a US$ 79,41 o barril; e o Brent sobe 1,43%, a US$ 82,03 o barril), quanto o minério de ferro (+ 2,77%, a 723,5 iuanes ou US$ 113,54) apresentam performances positivas.
IPCA de dois dígitos – No front interno, também impactam as cotações nacionais, a confirmação, em dois dígitos, do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2021, quando avançou 10,06% (estourando a meta inflacionária de 3,75%, fixada pelo Conselho Monetário Nacional – CMN), maior patamar nos últimos seis anos e mais do que o dobro dos 4,52% registrados no ano anterior.
Vilão em movimento – De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o IPCA – índice oficial de inflação – o grupo Transportes foi o que mais pressionou o índice, com alta de 21,03%, além de responder pela maior parte do acumulado no ano – 4,9 pontos percentuais. O segundo lugar no ranking da carestia coube ao grupo Habitação (13,05%) – responsável por 2,05 pontos percentuais – vindo, em seguida, Alimentação e bebidas (7,94%) – 1,68 ponto. Somados, os três grupos responderam por 79% do IPCA do ano passado.
Planalto recua – Também chama a atenção do investidor, a decisão do governo federal, de prorrogar, até abril próximo, a adesão ao Simples Nacional, enquanto o Congresso não derruba o veto do próprio mandatário ao Refis (parcelamento de débitos tributários) para micro e pequenas empresas, que provocou uma reação muito negativa ao Planalto, ‘pendurado’ na eleição próxima.
Fundo garantidor – Ao mesmo tempo, o ocupante do Planalto foi aconselhado por seus subordinados, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a aprovar o uso de R$ 3 bilhões do FGTS pelo fundo garantidor de empréstimos ao segmento dos microempreendedores individuais.
Covid sobe 17% – No diário da covid, o vírus chinês matou 129 brasileiros em sete dias, alta de 17% em comparação com o patamar anterior, de 14 dias, informou o consórcio de veículos de imprensa.
Principais indicadores
Estados Unidos (Futuros)
Dow Jones, +0,33%.
S&P 500, +0,46%.
Nasdaq, +0,69%.
Ásia
Nikkei (Japão), -0,9% (fechado).
Shanghai SE (China), -0,73% (fechado).
Hang Seng Index (Hong Kong), -0,03% (fechado).
Kospi (Coreia do Sul), +0,02% (fechado).
Europa
FTSE 100 (Reino Unido), +0,57%.
Dax (Alemanha), +1,25%.
CAC 40 (França), +1,31%.
FTSE MIB (Itália), +0,96%.
Commodities
Petróleo WTI, +1,51%, a US$ 79,41 o barril.
Petróleo Brent, +1,43%, a US$ 82,03 o barril.
Minério de ferro, + 2,77%, a 723,5 iuanes ou US$ 113,54 (Bolsa de Dalian – China).
Criptomoedas
Bitcoin, -0,11%, a US$ 41.884,4.
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