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Economia

Economista-chefe da XP Asset afirma que maior parte do auxílio não teve finalidade emergencial em 2020

Para o especialista, programa foi renovado duas vezes sem qualquer estudo técnico, destinando muito dinheiro a famílias que não foram impactadas em nada pela crise.

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Auxílio emergencial 2021

Ao liberar o auxílio emergencial em 2020, o Governo Federal acabou perdendo o foco, o que pode ocorrer novamente com a extensão do benefício neste ano. A crítica foi feita pelo economista-chefe da XP Asset, Fernando Genta, que também já atuou como secretário adjunto do Ministério da Economia durante a gestão de Henrique Meirelles, entre 2017 e 2018.

“O auxílio, em boa parte, foi pago para famílias mais pobres. O ponto é que você deu muito dinheiro para famílias que não foram impactadas em nada pela crise. […] Foi uma desfocalização muito grande. Você acabou transferindo dinheiro para loja de material de construção, para o varejo. No final, foi uma transferência de renda para o varejo, não foi uma questão emergencial”, disse Genta em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Para o especialista, o programa foi renovado duas vezes sem qualquer estudo técnico, e existe o risco da nova rodada de pagamentos ser liberada ainda sem o foco na finalidade emergencial. Genta destacou que, conforme pesquisa da PNAD Covid-19 do IBGE, cerca de 77% do valor do auxílio não foi destinado a famílias que sofreram perda de renda com trabalho informal.

Quanto à prorrogação do auxílio, o economista acredita que o valor total deve ser limitado, entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, por três ou quatro meses, com contrapartidas fiscais. Ao ser questionado sobre a reação do mercado caso o benefício seja liberado sem contrapartidas, Genta destacou que “auxílio sem ajuste nenhum não é o roteiro”, sendo que existem dois cenários possíveis.

“O primeiro cenário é Guedes vencer e consegue fazer tudo amarrado, com auxílio e contrapartidas. O outro é o cenário que sai o auxílio sem o fiscal, mas com a promessa de criar uma comissão para o ajuste. Aí o mercado vai azedar, mas sem implosão. Óbvio que parte já está no preço, o Brasil descolou um pouco mais dos emergentes”, disse.

Genta acrescentou ainda que a perspectiva de crescimento da economia é de 3,5% a 4% neste ano, e que está otimista com a vacinação. “O segundo semestre vai ser bem bom, por causa das vacinas. Nas minhas contas, vamos vacinar todos os brasileiros com mais de 60 anos até maio. Até setembro, 70% da população deve ser vacinada, que é praticamente todo mundo com mais de 19 anos. Os casos e mortes tendem a desabar”, completou.

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