Agronegócio
Embargo de carne bovina à China continua após 50 dias
Exportações brasileiras já registraram queda nas negociações em outubro e não há previsão de retomada
A decisão anunciada há mais de 50 dias segue sem novidades. Os primeiros lotes de carne bovina brasileira enviados à China até chegaram ao destino final, mas foram impedidos de entrar devido aos casos atípicos de “vaca louca” registrados no país.
O embargo foi estabelecido no dia 4 de setembro e, desde então, os carregamentos tiveram que ser redirecionados a outros mercados. E com o fim da oferta de carne, as exportações brasileiras já registraram queda nas negociações em outubro. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a média diária dos embarques caiu praticamente pela metade no acumulado deste mês na comparação com o mesmo período do ano passado.
O Ministério da Agricultura informou que a China não liberou a entrada de nenhum contêiner brasileiro após o embargo e que continua com as tentativas que reestabelecer as exportações. Enquanto isso, cargas com a proteína seguem sendo rejeitadas.
A maior exportadora de proteína bovina da América do Sul, a Minerva Foods, acredita que a demora na retomada seja justificada por relações políticas, que andam abaladas entre os dois países. A expectativa inicial era de que suspensão fosse retomada em 15 dias, como aconteceu em 2019, quando o Brasil registrou casos atípicos da EEB.
Com o mercado apostando em uma liberação rápida ainda em setembro, o Brasil exportou um volume recorde no último mês. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), os embarques totais somaram 212 mil toneladas da proteína, sendo que mais de 50% direcionados à China.
Para Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, as questões logísticas e estoque atuais representam um custo muito elevado para os frigoríficos e depende deles agora aceitarem o prejuízo em cima dos produtos ou continuarem na expectativa de que as exportações serão retomadas em breve. “A cada dia que passa sem uma solução, sem o aceite dessas cargas, é um dia a mais de prejuízo. Agora vai da opção dos frigoríficos aceitar o preço mais baixo ou simplesmente aguardar uma posição chinesa, mantendo essa carga guardada em outros portos do país”, afirmou.
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