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Economia

EUA devem continuar confrontando China e dando baixa prioridade à América Latina, acredita Krugman

Em entrevista, Paul Krugman falou sobre o que mudaria e o que permaneceria com a eleição de Joe Biden para a presidência dos EUA.

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A política de confrontação com a China deve continuar mesmo com a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos, porém o democrata deve adotar uma estratégia mais ficada na política industrial e menos em tarifas comerciais, opinou o economista Paul Krugman.

Krugman disse ainda que ainda não vê como a relação dos EUA com a América Latina pode evoluir nos próximos anos, mas indica que a tendência é que a região siga tendo baixa relevância na pauta dos norte-americanos.

“O fato é que, com exceção do México, a América Latina é quase invisível no discurso dos EUA, e até mesmo o México se desvaneceu como uma preocupação, com o declínio da migração e com o governo atual nem pró-EUA o suficiente para atrair apoio nem anti o suficiente para levantar muita preocupação”, disse o ganhador do prêmio Nobel de economia.

Crítico inflamado da administração Trump, Krugman se diz preocupado com a situação fiscal dos países emergentes, com destaque para a vulnerabilidade da Turquia.

“Estou preocupado. Pode-se argumentar que o problema dos países que não conseguem tomar empréstimos por causa do “pecado original” é menor do que no passado, com mais empréstimos se dando em moeda local. Mas ainda acho que os países emergentes têm muito menos espaço fiscal do que os países ricos, em um momento em que os gastos deficitários são essenciais”, disse ele.

Além disso, ele expectativa que a batalha em torno da gigante de tecnologia Huawei, que tem sofrido fortes restrições a sua atuação por parte do governo dos EUA, continue sendo uma questão entre os dois países mesmo com a vitória do democrata Biden.

Por outro lado, a suspensão do aplicativo Tik Tok dos EUA, “parece mais uma obsessão de Trump”, analisou.

“A situação EUA-China é complicada. Por um lado, os EUA têm queixas genuínas; por outro, há muito pouco apoio à guerra comercial de Trump. Então o que Biden provavelmente faria é continuar a enfrentar a China, mas de uma forma diferente, mais focada na política industrial e com mais empenho em trazer outros países para o esforço”.

Caso Trump seja reeleito, Krugman prevê que o relacionamento entre os dois países se torne “muito ruim”.

“Sua obsessão com a China é pessoal e não muito racional”, disse ele.

Krugman participará na terça-feira de congresso virtual aberto ao público promovido pela instituição de ensino brasileira Unisinos, quando falará também sobre a retomada da economia dos EUA.

O economista contou à Reuters que os dois principais desafios dos norte-americanos, fora as ligadas à pandemia, são mudanças estruturais e de longo prazo na demanda por mão-de-obra e a estagnação de longo prazo.

“Ainda temos uma tendência persistente de que a poupança desejada exceda a demanda de investimento, levando a taxas de juros baixas e capacidade limitada de responder a desacelerações”. De acordo com ele, os planos para lidar com essa limitação devem incluir investimentos em infraestrutura.

Nos últimos meses o mercado dos EUA parece estar em vias de atingir uma bolha, afirmou Krugman, com uma certa “exuberância irracional”, particularmente entre pequenos investidores. Contudo, não seria uma bolha comparável ao que foi visto na crise financeira de 2008, ou anteriormente na crise das empresas de internet, acrescentou.

Não é necessário haver uma ligação estreita entre o desempenho do mercado de ações e perspectivas econômicas de curto prazo, afirmou o economista.

“As taxas de juros baixas provavelmente explicam muito do que está acontecendo; se você acha que a fraqueza atual não terá muito efeito sobre os lucros da Amazon em 10 anos, e a taxa de juros de 10 anos está muito baixa, avaliações elevadas para a Amazon fazem sentido”, acrescentou.

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