iFood muda de estratégia: saiba como créditos podem conquistar novos restaurantes

Neste sábado, dia 30 de setembro, o iFood encerrará os contratos de exclusividade que mantinha com restaurantes de redes com mais de 30 lojas. Nos contratos de exclusividade, os restaurantes concordam em não oferecer serviços de entrega em outras plataformas em troca de investimentos e condições comerciais vantajosas fornecidas pelo iFood. Essa prática está conforme as leis de concorrência brasileiras.

Arnaldo Bertolaccini, vice-presidente de restaurantes do iFood, destaca:

“Desde a assinatura do acordo, nossa atenção tem sido dedicada à implementação de uma estratégia sólida para manter nosso crescimento e alcançar resultados positivos.”

Ele também enfatiza que, apesar do fim da exclusividade, o iFood continuará apoiando ativamente seus parceiros com mais de 30 lojas, ajudando-os a ter sucesso no segmento de entregas e oferecendo produtos e serviços relevantes para atender às necessidades dos pequenos e médios empreendedores, que representam a maioria dos estabelecimentos cadastrados na plataforma.

Desde a assinatura do acordo com o CADE em fevereiro, Arnaldo afirma:

“Nosso foco tem sido minimizar o impacto nas redes de restaurantes após as mudanças nos contratos. Estamos empenhados em adaptar nosso modelo de negócios às novas regras, reconhecendo que, mesmo antes do acordo, o iFood já promovia uma concorrência saudável com outros players do mercado. As novas regras trazem maior clareza e segurança jurídica para todo o setor.”

Entenda melhor essas mudanças

Atualmente, o iFood possui um registro de 330 mil estabelecimentos em sua plataforma, dos quais 15 mil são constituídos por mercados, farmácias, petshops e lojas de diversos segmentos. Além disso, a plataforma tem uma base de 40 milhões de usuários cadastrados e conta com uma força de entrega composta por 220 mil entregadores.

Os acordos de exclusividade têm um prazo máximo de dois anos e estão sujeitos a um período de quarentena de 12 meses sem possibilidade de renovação. Uma exceção a essa regra se aplica aos parceiros exclusivos que receberem investimentos do iFood para melhorar seus estabelecimentos.

Nesses casos, os contratos podem ser estendidos além de dois anos, prevendo-se um retorno ao iFood com base nos investimentos realizados. No entanto, esse modelo especial está limitado a apenas 50% da base de contratos exclusivos do iFood.

Além de oferecer taxas de serviço mais baixas, as grandes redes de restaurantes que operam exclusivamente no iFood também recebem suporte financeiro da plataforma para diversas iniciativas, incluindo ações promocionais, estratégias de marketing e até mesmo reformas em seus estabelecimentos.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) expressa preocupação com as restrições à exclusividade de restaurantes parceiros do iFood, que entram em vigor em 1º de outubro. A associação alerta que estabelecimentos não exclusivos podem enfrentar pressão devido ao aumento das taxas.

De acordo com Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, alguns estabelecimentos independentes que deixaram contratos de exclusividade com o iFood estão enfrentando aumentos significativos nas taxas, que podem subir de 5 a 7 pontos percentuais, resultando em um aumento de 30 a 40% nas tarifas.

Para os estabelecimentos que utilizam entregadores próprios, a taxa também aumenta, passando de 9% para 12% por pedido, representando um aumento de 33% na tarifa padrão.

Em resposta, o iFood argumenta que não houve um reajuste nas comissões-padrão e que não existe uma “nova” tarifa padrão. A empresa afirma que as tarifas por pedido, que podem chegar a 12% para usuários que utilizam apenas a plataforma e a 23% para os que também utilizam o serviço de entrega do iFood, são comissões que já eram praticadas antes do acordo com o CADE.