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Koo esquecido? Como está hoje a rede social que explodiu em 2022

Após aumento expressivo de perfis no Brasil diante da crise do Twitter, plataforma da Índia tenta se manter no mercado e não perder usuários

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Já há alguns meses, o burburinho em torno da rede social Koo não é o mesmo daquela agitação vivenciada no final de 2022. A plataforma chegou a ganhar mais de 2 milhões de usuários em uma semana, mas como será que está hoje?

A rede de origem indiana ganhou projeção e ficou famosa no Brasil durante o processo de compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk. O magnata dono da Tesla e da SpaceX desembolsou US$ 44 bilhões para fechar o negócio.

Com medo do futuro da plataforma do passarinho azul e diante da promessa de Musk de que ocorreriam mudanças significativas, milhões de usuários descobriram a concorrente de nome sugestivo e, até então, desconhecida no país.

Usuários ilustres

O Koo atraiu nomes de peso do Twitter, como o influenciador Felipe Neto, o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho e o ator Bruno Gagliasso. Além disso, foi motivo de meme, trocadilhos e muita piada entre os brasileiros.

Ironicamente, o nome Koo chegou a liderar os Trending Topics do Twitter. O sucesso repentino foi tão grande que a direção da plataforma precisou ampliar o quadro de servidores para suportar a demanda de acessos, chegando a criar um suporte dedicado exclusivamente ao Brasil.

O tempo passou, algumas promessas de Elon Musk estão sendo aplicadas e o Twitter tem sido alvo de grandes mudanças, mas o Koo, tão falado e comentado meses atrás, parece ter sido esquecido. Será que ele “flopou”?

Expectativa x Realidade

Aquela noção inicial de que o Koo poderia se tornar o novo Twitter e que ele salvaria os internautas das “ameaças” do empresário extremista e bilionário não se confirmou na prática. A realidade é um pouco diferente, e os números mostram isso.

Ainda na ativa, o Koo possui mais de 50 milhões de usuários cadastrados e mais de 10 milhões de downloads só na Google Play, mas o interesse despencou. O boom de buscas e procuras registrado em novembro de 2022 praticamente deixou de existir, conforme dados do Google Trends, ferramenta que monitora o interesse do público, ao longo do tempo, baseada nas pesquisas do Google.

A SimilarWeb, outra plataforma que monitora o tráfego, também observou a queda. Só no Brasil, a dispersão do público foi de 62%. E o usuário médio não permanece mais do que três minutos na rede social.

Sinais

O Brasil segue sendo o segundo maior público do Koo, atrás somente da Índia. É possível notar que ainda existe certa atividade diária, com publicações frequentes, principalmente por parte de perfis famosos.

Numa comparação com o que é postado pelas mesmas pessoas no Twitter, no entanto, é perceptível como a participação na rede indiana é menor e mais reduzida. Isso pode estar associado ao fato desses usuários possuírem bem mais seguidores na rede do passarinho azul, o que acaba determinando o direcionamento do seu foco.

O perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, faz de dois a três posts diários no Koo, onde ele possui 267 mil seguidores. No Twitter, onde ele tem mais de 7 milhões, são feitaz de cinco a sete publicações por dia.

Motivos da queda

Apesar de não existir um estudo oficial sobre o que levou o Koo a perder em tão curto espaço de tempo a atenção que havia ganhado, especialistas em marketing e comunicação digital indicam alguns aspectos.

O primeiro deles é o fato de que as plataformas precisam de tempo para caírem no gosto do público. Geralmente, elas surgem como rota alternativa e temporária de outra rede maior que passa por algum processo de crise.

O retorno à rede principal é visto como algo natural. A história acumulada, os seguidores conquistados e a base de engajamento acabam influenciando nisso. Criar ou conquistar o mesmo em um espaço novo demanda tempo.

Dificuldade de bater de frente

Outra questão é a dificuldade de concorrência em um setor marcado pela grandiosidade das empresas que já estão bem estabelecidas. Além disso, os usuários criam hábitos e se acostumam a interagir em plataformas já existentes.

Esse quadro só tem chance de mudar se a nova rede social apresentar algo inovador. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o TikTok, que fez sucesso com um projeto que se distanciava de tudo que estava em vigor.

Com o Koo, é diferente. Ele repete uma fórmula que já existe e que ficou famosa com o Twitter, uma das redes sociais mais populares do mundo e que está no mercado há quase duas décadas.

Possíveis estratégias

Diante do cenário, os diretos do Koo decidiram adotar estratégias para tentar segurar a base de usuários construída no Brasil desde o final do ano passado. Como um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta época do ano é o programa Big Brother Brasil, a plataforma amarelinha criou uma aba específica sobre o reality show para bater de frente com o concorrente e facilitar a vida do usuário.

O aplicativo lançou, ainda, um programa de recompensas que visa estimular a participação diária dos internautas. Eles precisam realizar algumas tarefas, como navegar por mais de 10 minutos e indicar para amigos.

As vantagens concedidas envolvem, por exemplo, cupons de descontos em lojas como Amazon, Lenovo, Dell, Hering, NetShoes e Casas Bahia.

Outra novidade recente foi a integração do aplicativo com o ChatGPT, a inteligência artificial desenvolvida pela OpenAI. Com isso, é possível criar conteúdos na rede social indiana, sobre assuntos variados, com o auxílio do chatbot.

Não dá para dizer, portanto, que o Koo não está tentando. Falta, agora, os usuários se animarem novamente e atrair novos interessados. Será que isso acontecerá?

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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