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Economia

Lula realiza “processo seletivo” para escolher presidente da Petrobras

Chefe máximo da petrolífera é selecionado pelo Presidente da República, mas precisa cumprir alguns requisitos. Conheça nomes cotados

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Depois da viagem à COP-27 no Egito e de uma visita diplomática a Portugal, o presidente Lula está de volta e com a agenda cheia. Um de seus primeiros compromissos para esta semana envolve o início das tratativas sobre os candidatos à presidência da Petrobras, com quem ele pretende conversar pessoalmente. A informação é da agência Reuters. A decisão diz respeito a uma das mudanças mais radicais que contrastam o novo governo em relação ao anterior. Afinal, Lula pretende dar uma guinada na estatal em termos administrativos e estratégicos.

Um bom exemplo disso é o provável abandono da política de remuneração de acionistas. Dessa forma, o governo eleito planeja utilizar os recursos, a partir dos próximos anos, para realizar investimentos em lugar de distribuir dividendos, como vinha acontecendo. Nos dois últimos trimestres, por exemplo, a empresa pagou mais que o dobro do valor desembolsado por todas as grandes petroleiras dos EUA e da Europa. Com isso, vale dizer, o próprio caixa do governo federal, seu maior acionista, foi beneficiado.

Outro propósito que se deseja levar adiante é a nova orientação para os negócios. Investimentos em petróleo em alto mar, que hoje representam 84% de tudo o que a empresa aposta, devem dar lugar a outros segmentos. Assim, parte do lucro provavelmente servirá para subsidiar projetos envolvendo energias renováveis e refino. A ideia se contrasta com as diretrizes adotadas desde o governo Temer, em 2016, quando a Petrobras abdicou de setores inteiros para diminuir sua dívida, em grande parte contraída nos governos do PT. Gasodutos, a fábrica de fertilizantes, a unidade de biocombustíveis, as refinarias e postos de combustíveis da bandeira BR foram projetos que deixaram de fazer parte de seu portfólio.

Os planos para a Petrobras colocarão a empresa no caminho adotado por players como BP e Shell. Estes também estão direcionando esforços para energia limpa, reduzindo aos poucos o protagonismo do petróleo nos negócios. Mas todas essas decisões passam antes pela escolha dos nomes que ficarão responsáveis por tocar a Petrobras. E a ideia é mudar o primeiro e segundo escalões da empresa, conforme afirmaram fontes que participam da equipe responsável por esse grupo temático.

Quem são os principais candidatos?
O primeiro passo é a definição do presidente, que Lula e PT esperam estar alinhado ao partido e ao projeto de governo.
Entre os candidatos que participarão do “processo seletivo”, estão o senador Jean Paul Prates (PT-RN), que foi um importante conselheiro de política energética na campanha de Lula. Contudo, sua nomeação poderia ser alvo de contestação, em razão da campanha para prefeito de Natal (RN) em 2020. A Lei das Estatais restringe indicações de indivíduos que tenha atuado em campanha eleitoral nos 36 meses anteriores.

Outros nomes na lista são os do ex-governador da Bahia, Rui Costa, e de Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Cogita-se, ainda, William Nozaki, professor de economia na FESPSP, para uma diretoria não estratégica da companhia. E José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras nos governos Lula, não foi convidado para a equipe de transição. Por isso, seu nome é tratado como uma incógnita.

O fato é que o prazo para tomar uma decisão a tempo de começar o governo com uma nova administração na Petrobras está acabando. As regras atuais exigem ao menos 45 dias, e talvez até 60, para verificação de conformidade de currículos, aprovação dos nomes no conselho de administração e votação dos acionistas em assembleia. Será preciso contar, ainda, com a renúncia voluntária do atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, cujo mandato vence em abril.

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