Economia
O que é reduflação e como isso afeta a vida dos brasileiros?
Entenda o que o preço dos produtos tem a ver com a reduflação.
Nos últimos meses, muitos consumidores têm notado uma tendência curiosa nas prateleiras dos supermercados: produtos com embalagens menores, mas pelo mesmo preço de antes.
Esse fenômeno, denominado ‘reduflação’, vem se disseminando em diversas partes do mundo e revela uma mudança significativa no comportamento das empresas diante da inflação crescente e do aumento dos custos de produção.
Reduflação é uma estratégia das empresas para gastar menos recursos – Imagem: reprodução
O que é reduflação e como isso afeta a economia
A reduflação é a combinação da redução da quantidade ou do tamanho de um produto com a manutenção do preço, uma estratégia que muitos fabricantes adotam para lidar com as pressões econômicas atuais.
O aumento dos custos das matérias-primas, os atrasos nas cadeias de abastecimento e os salários crescentes, especialmente após a pandemia, tornaram mais difícil para as empresas manterem seus preços.
Assim, a solução encontrada foi diminuir as quantidades dos produtos oferecidos, mantendo os preços inalterados para evitar uma reação mais negativa dos consumidores.
Recentemente, um exemplo marcante dessa prática ocorreu na França, onde o supermercado Carrefour começou a sinalizar os produtos que haviam passado pela redução de forma discreta.
Tal transparência, embora louvável, não foi suficiente para apaziguar a insatisfação dos consumidores, que já enfrentam um aumento no custo de vida e, consequentemente, em seu poder de compra.
A preocupação se intensifica, pois pesquisas indicam que os consumidores tendem a perceber mais os aumentos de preços do que as diminuições nas quantidades, como observa Mark Stiving, especialista em precificação.
O comportamento é corroborado por Cammy Crolic, professora da Universidade de Oxford, que argumenta que a percepção dos consumidores está mais atenta ao impacto imediato das compras em seus orçamentos do que à quantidade de produto sacrificada nas embalagens.
Muitas vezes, as mudanças ocorrem gradativamente; um produto que era vendido em uma embalagem de 300ml pode agora estar disponível por um preço similar, mas trazendo apenas 200ml.
Essa transição sutil contribui para a dificuldade em identificar a reduflação de forma imediata.
Os consumidores não são os únicos a sentir os efeitos dessa prática. Phil Lempert, analista da indústria alimentar, aponta que a lealdade às marcas diminui drasticamente durante períodos de reduflação, levando muitos a trocarem marcas tradicionais por opções de marcas próprias, que costumam ser mais baratas.
Contudo, em se tratando de produtos essenciais, a troca nem sempre é viável. Famílias que dependem de produtos específicos, como fórmulas infantis, muitas vezes não dão essa liberdade e acabam tendo que absorver os custos de produtos reduzidos.
Um ponto interessante a ser notado é que a reduflação não parece ser uma fase passageira. Quando a inflação diminui, raramente os produtos retornam às suas quantidades anteriores.
Em vez disso, surge um novo esquema: muitas empresas lançam versões maiores de seus produtos, mas já com preços reajustados, às vezes sob novos nomes.
Edgar Dworsky, defensor dos direitos do consumidor, exemplifica essa prática com o caso dos chips de batata e do papel higiênico, ambos discutíveis em termos de tamanho e preço.
A questão da reduflação, portanto, levanta um importante dilema para os consumidores: é preciso estar sempre vigilante quanto às alterações nas embalagens e seus preços, de modo a não cair na armadilha de se sentir enganado.
Essa prática representa um golpe duplo no bolso, especialmente em um cenário econômico em que o preço dos produtos não costuma abaixar na mesma proporção que a inflação.
*Com informações da BBC.
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