Riscos fiscais e swap cambial do BC influem no Ibovespa dessa terça

O risco fiscal é o grande fator diferencial entre os mercados futuros pátrios e ianques, em que o primeiro caía 1%, no início dessa terça-feira (19), enquanto o segundo seguia em leve alta, embalado pela temporada positiva de balanços nos EUA. Em comum, ambos sofrem com a crise energética, choque de oferta e decorrente escalada da inflação.

Acúmulo de riscos – Por aqui, o investidor procura medir o acúmulo de riscos fiscais, a exemplo das tentativas do Executivo de desatrelar o programa social-eleitoral, o renascido Auxílio Brasil, da regra de ouro do teto de gastos, pilar fundamental da responsabilidade fiscal, cujo exemplo pioneiro teria de partir do Planalto, só de olho em 2022.

Cadê a sobra? – Em contagem regressiva – a 13 dias para o fim do prazo legal de vigência do auxílio emergencial – o Executivo se debate por uma solução emergencial para o auxílio emergencial, ao propor sua prorrogação por 60 dias, o que, segundo avaliam técnicos do governo, ‘criaria’ uma sobra orçamentária de R$ 12 bilhões, proveniente do Bolsa Família. Pelo acerto Bolsonaro-Guedes, o valor do benefício poderá variar de R$ 150 a R$ 375, conforme o porte das famílias. Para 2022, ele passaria a R$ 400.

‘Domar o dragão’ – Enquanto aguarda a votação iminente da PEC dos Precatórios (proposta palaciana é de quitar R$ 39 bilhões em 2022, jogando para as ‘calendas’ os R$ 51 bilhões restantes, para analistas, um calote oficializado), por uma comissão especial da Câmara, o mercado acompanha, tenso, as tentativas do Banco Central de, se não domar, pelo menos acalmar o dragão inflacionário via câmbio, após anunciar a oferta, nessa terça (19), de US$ 500 milhões em swaps no mercado à vista.

Sem taxação – Também deve pesar em favor das cotações tupiniquins a declaração do relator da reforma do Imposto de Renda (IR) no Senado, Angelo Coronel (PSD-BA), de que pretende retirar do texto a parte que tributa lucros e dividendos. “Tributação de lucros e dividendos? Isso aí está fora, jamais”, adiantou, em live promovida pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa). Caso a sanha do Leão permanecesse, segundo ele, isso criaria “o maior contencioso tributário da história”, com empresas recorrendo à Justiça. Por fim, o relator considera que a proposta original não passava de “peça eleitoreira”.

Fed fala – No exterior, a atenção do investidor se volta sobre os indicadores inflacionários globais, assim como observa os discursos, no início da tarde (horário de Brasília) de integrantes do Federal Reserve (Fed, o BC estadunidense), a respeito do ritmo de retirada dos estímulos monetários bilionários (US$ 120 bilhões) injetados mensalmente na maior economia mundial.

Volatilidade já – O momento, portanto, é delicado, pois essa ‘saída de cena’ do Fed do mercado ianque é uma sinalização que está sendo acompanhada, quase instantaneamente, pelos demais bancos centrais, ao redor do mundo, o que contribui para tornar mais volátil o mercado mundial. O entendimento geral é de que deve ser superado aquele momento pandêmico – decorrente do contágio mundial pelo vírus chinês – em que os BCs socorreram as economias colapsadas pela crise de então.

Hora da verdade – Ao mesmo tempo, analistas especulam sobre os efeitos negativos da suspensão da ajuda monetária do Fed sobre as ações das empresas de tecnologia norte-americanas, a partir de agora. Na véspera (18), o S&P havia avançado 0,34%; o Nasdaq, 0,84%, numa sessão só de alta para os papéis das gigantes Amazon, Apple, Facebook, Netflix e a Alphabet (dona do Google).

Saldo positivo – Tendência positiva apontam, ao menos, 80% das 41 empresas que formam o índice S&P admitiram ter obtido resultados além das expectativas, segundo dados da FactSet com destaque para as companhias Johnson & Johnson, Procter & Gamble, Netflix e United Airlines.

Ásia sobe – Enquanto que na Ásia, as bolsas fecharam nessa terça (19) em alta –  como os papéis da empresa de tecnologia Alibaba, que subiram 1,3%, e os da Meituan, que tiveram alta de 1.8% – na Europa, o índice Stoxx 600 – composto por ações das 600 maiores empresas de 17 países – exibia alta discreta de 0,13%, com destaque positivo para o setor de recursos básicos, e negativo para o de seguros.

Commodities avançam – No campo das commodities, os preços do barril de petróleo continuam em ascensão, como também ocorre com o minério de ferro negociado na bolsa chinesa de Dalian. Na área cripto, o Bitcoin (BTC) está sendo negociado a US$ 62.980, ou seja, muito próximo da marca histórica de US$ 65 mil.

Principais indicadores  

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,29%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,36%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,27%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +0,09%
*Dax (Alemanha), +0,07%
*CAC 40 (França), +0,02%
*FTSE MIB (Itália), +0,24%

Ásia

*Nikkei (Japão), +0,65% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,7% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +1,49% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,74% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,26%, a US$ 83,48 o barril
*Petróleo Brent, +0,75%, a US$ 84,96 o barril
*Bitcoin, +2,25% a US$ 62.271,5
*Sobre o minério de ferro: **O minério negociado na bolsa de Dalian teve alta de 0,07%, a 707 iuanes, o equivalente a US$ 110,56.
USD/CNY = 6,39