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Cotidiano

Você não vai acreditar onde os lacres de suas latas podem acabar

Projetos sociais fazem campanhas para arrecadar lacres a fim de doar cadeiras de rodas para pessoas que precisam. Como isso é possível? Entenda!

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Os lacres das latinhas de cerveja e refrigerante são mais úteis do que você imagina. Tanto que o recolhimento deles vai muito além da questão ambiental, pois tem a ver também com uma perspectiva social.

Muitos projetos de filantropia fazem campanhas de arrecadação de lacres visando a conversão deles em melhorias e ajuda para pessoas que precisam, inclusive com doação de cadeiras de rodas para quem não consegue comprar.

Você já deve ter ouvido falar sobre essas ações, mas algumas perguntas sempre pairaram no ar, com dúvidas que merecem ser explicadas, como: Será que isso é verdade mesmo? Como é possível? Por que só o lacre é recolhido?

Explicação

Estamos aqui para dizer que essa história não é um mito. A explicação começa pela composição dos lacres. Eles, geralmente, possuem menos alumínio que a lata em si e, por isso, possuem menor valor comercial.

A opção de recolhê-los, por parte das instituições filantrópicas, é para não prejudicar os catadores que tiram o sustento disso, além, claro, de uma questão de logística, pois o manuseio é mais simples.

Muitos acreditam que os lacres passam por um processo de derretimento para virar cadeiras de rodas. O que acontece, na prática, é que eles são vendidos para empresas de reciclagem, e o valor é usado para comprar as cadeiras.

Números

De acordo com os dados divulgados pelas instituições, são necessárias, em média, 140 garrafas pet de dois litros cheias de lacres para conseguir comprar uma cadeira.

Desde 2017, a SPMAR, empresa concessionária que administra os trechos Sul e Leste do Rodoanel, em São Paulo, realiza o projeto Lacre Solidário. Ao todo, já foram recolhidos mais de 13 milhões de lacres, desde então. Eles resultaram na doação de 31 cadeiras de rodas.

#NÃOÉMITO

Outro movimento de São Paulo, coordenado pelo Instituto Entre Rodas, criou uma campanha para esclarecer as dúvidas da população em torno do recolhimento dos lacres e, também, reforçar a importância da iniciativa.

Chamado de #NÃOÉMITO, o movimento já conseguiu arrecadar 72 milhões e lacres em cinco anos, o que resultou na doação de 87 cadeiras de rodas para crianças e adolescentes.

Nesse caso específico, a métrica das 140 garrafas de lacre para cada cadeira não é suficiente. Isso, porque, no caso dos menores, as cadeiras precisam atender certas especificidades.

As cadeiras doadas pelo Instituto são feitas de alumínio aeronáutico, que é mais leves e resistente, e também são produzidas sob medida. Essas simples característica já elevam o valor do produto.

De acordo com a coordenação do projeto, são necessárias, em média, não 140, mas 625 garrafas pet cheias de lacres de latinha para atingir o valor suficiente e pagar por uma cadeira desse tipo.

Valores

Uma cadeira ambulatorial simples custa em torno de R$ 350. Já uma cadeira personalizada sai por R$ 5,4 mil. Graças a uma parceria com empresas, como a Alphamix, o projeto paga pela metade do preço e a empresa custeia os outros 50%.

Para se ter ideia, em 2022, foram consumidas mais de 33 bilhões de latas de bebida no Brasil, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas). O índice de reutilização delas no país é alto, em torno de 98,7%, considerado um recorde no mundo.

Sempre que você consumir uma bebida em lata, lembre-se da importância delas para projetos sociais e pessoas que precisam de ajuda. Um simples lacre pode melhorar a vida de quem precisa.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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