Economia
Especialistas: o aumento no salário mínimo deve ser acima da inflação
Segundo o levantamento dos representantes do Ministério do Trabalho e Previdência, do Ipea e do Dieese, a valorização do salário mínimo estagnou em 2016.
Nos últimos dois anos, o governo de Jair Bolsonaro tem aumentado o salário mínimo com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é o que mede a inflação no país. Porém, aumentar o salário com base na inflação tem sido insuficiente, pois não considera um aumento real para o trabalhador.
Veja também: Junho é marcado por maior alta na inflação dos Estados Unidos
Com o planejamento do salário mínimo de 2023, seguindo a mesma linha dos últimos dois anos, especialistas chegaram à conclusão de que não é o suficiente. Segundo o deputado Zé Neto, neste cenário as pessoas receberão menos a cada dia.
“A valorização do salário mínimo nos anos 2000 e 2010 foi fundamental para a redução da desigualdade de renda, além de fomentar o consumo e, desse modo, o crescimento econômico naquele período”, afirma Zé Neto e Helder Salomão.
Segundo o levantamento dos representantes do Ministério do Trabalho e Previdência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a valorização do salário mínimo estagnou em 2016.
Se formos levar em conta o piso nacional sem a inflação e convertendo aos valores de hoje, em 2016, o valor era equivalente a R$ 1.203,91, o que resulta em um aumento de apenas R$ 8,09 após seis anos.
E para deixar ainda mais estagnada a vida financeira do brasileiro, o salário mínimo vem sendo atualizado em cima da inflação do ano anterior, porém, o custo de vida continua aumentando, sendo quase impossível garantir o sustento com o valor. Um exemplo atual é que, em maio, a cesta básica em São Paulo estava cotada em R$ 1.226,12, preço acima do salário, que está em R$ 1.212,00.
A proposta do Poder Executivo é que o salário mínimo seja aumentado em 6,77%, e em janeiro de 2023 seja pago R$ 1.294,00. A proposta será votada pelo Congresso na Lei de Diretrizes Orçamentárias nos próximos dias.
Segundo Patrícia Costa, supervisora do Dieese, um reajuste no salário mínimo acima da inflação poderia ter amenizado os efeitos da pandemia de Covid-19, e que um aumento na renda, e consequentemente no consumo das famílias, pode estimular o crescimento econômico.
“É preciso, além da incorporação da produtividade e, evidentemente, da inflação passada, que tenhamos um ‘colchão’, para que a política de valorização do salário mínimo seja anticíclica, ou seja, que nesses momentos de crise impulsione mais fortemente as rendas baixas”, disse o pesquisador do Ipea, André Calixtre.
Já o deputado Reginaldo Lopes lamenta que o Brasil tenha voltado ao mapa da fome.
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