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Política

Crise na equipe de transição? Mantega anuncia saída e gera climão

Ex-ministro de Dilma, que havia provocado reação negativa do mercado, acusa adversário de atrapalhar trabalhos. Decisão alivia pressões

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Durou pouco a participação do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, na equipe de transição do governo eleito. Na tarde desta quinta (17), ele renunciou ao posto que ocuparia nas discussões sobre o planejamento. O jornal Folha de S. Paulo já havia antecipado a decisão. E, dessa forma, a expectativa se confirmou com o envio de uma carta ao vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin. No texto, Mantega atribui sua saída à ação de “adversários interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo”.

Vale lembrar que o anúncio de Mantega na equipe de transição, há pouco mais de uma semana, repercutiu no mercado. No mesmo dia, a Bolsa caiu 4% e o dólar teve um aumento de mesmo percentual. A aversão vem do histórico de Mantega. Enquanto ministro da Fazenda, ele intensificou as medidas de estímulo à economia da chamada Nova Matriz Econômica. À época, houve redução de impostos, como de IPI para automóveis, corte de tarifa de energia e de juros nas operações de crédito por bancos públicos e controle dos preços dos combustíveis.

As decisões levaram a um forte desequilíbrio nas contas públicas. Assim, Joaquim Levy substituiu Mantega ao fim de 2014. Quando ressurgiu, portanto, Mantega despertou, no mercado, o temor de que, a partir de 2023, a irresponsabilidade predominaria sobre as contas públicas. Uma de suas primeiras medidas, inclusive, foi pedir ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que segurasse a indicação do economista brasileiro Ilan Goldfajn para a presidência da instituição.

Goldfajn é nome bem visto pelo mercado, presidiu o Banco Central do país e teve indicação de Paulo Guedes, atual ministro da Economia. Por isso, a interferência causou desconforto e foi recebida como indício de que ele teria influência nos rumos tomados pelo governo. Soma-se a essa sinalização as recentes falas de Lula que contrapõem responsabilidade fiscal e responsabilidade social. Bastou para gerar um clima de apreensão.

Quem é Mantega?
Mantega é economista e também foi ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão no governo Lula, além de presidente do BNDES. Ele foi alvo da operação Zelotes da Policia Federal. Na ocasião, a suspeita era de que havia influência para cancelar multas a fim de beneficiar empresas no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF). Seu nome ainda foi citado na Operação Lava-Jato, no processo sobre irregularidades na Petrobras. A divulgação de sua saída trouxe alívio, reduziu a animosidade entre os operadores do mercado e conteve os danos no Ibovespa e com relação à cotação do dólar.

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